“A Ucrânia continua a ser uma prioridade absoluta para a União Europeia e, em particular, para a nossa política externa e de segurança”, afirmou Borrell, em declarações à imprensa, depois de se ter reunido com o primeiro-ministro, Denis Shmygal, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, o ministro da Defesa, Rustem Umerov, e o Presidente, Volodymyr Zelensky.
“A guerra deve ser vencida e a paz deve ser conquistada. E a melhor maneira de ganhar ambas é chegar à União Europeia. Sim, a Ucrânia continua a ser uma prioridade absoluta para a UE”, afirmou.
Quase dois anos após o início da invasão russa, a linha da frente está num impasse e a popularidade de Zelensky encontra-se em queda.
Borrell apelou à união dos seus interlocutores, porque é “a chave para a vitória”, e transmitiu uma “forte mensagem de solidariedade” e “apoio em termos financeiros e militares, munições e armas”.
“Estamos e estaremos empenhados em apoiar a Ucrânia, não pelo tempo que for necessário, mas custe o que custar. Não como uma medida de tempo, mas como uma medida de quantidade, qualidade e rapidez”, afirmou.
Nas suas aparições com Shmygal e Kuleba, Borrell salientou que “é necessário fazer mais e mais depressa”, mas sublinhou que, traduzido em números, o apoio da UE desde o início da guerra até ao Natal passado ascende atualmente a 88 mil milhões de euros, dos quais 28 mil milhões em apoio militar, e que foram treinados 40 mil soldados.
Borrell concordou com Kuleba em “criar as condições para acelerar a entrega de munições e mísseis”, um processo que, disse, está a “acelerar”.
“Até ao final do ano, teremos doado 1.155.000 munições à força aérea ucraniana”, afirmou.
“É preciso compreender que o fornecimento é feito através de doações e exportações. A doação é gratuita. As exportações são efetuadas através de uma relação comercial. Mas se juntarmos as duas coisas, o valor é muito mais importante”, disse, apelando a um “esforço conjunto” entre a indústria ucraniana e europeia para “criar sinergias e poder produzir mais em casa”.
O ministro ucraniano encorajou os governos da UE a assinarem contratos de longo prazo com as empresas de defesa, para que estas possam aumentar os seus investimentos e intensificar a produção de armas.
Kuleba apelou ao bloco europeu para “assinar contratos de longo prazo com empresas de defesa ucranianas”, “reorientar os contratos existentes para a entrega de projéteis à Ucrânia” e “aumentar as importações de munições de países terceiros”.
Borrell também manifestou a esperança de que, até ao final do mês, se chegue a um acordo na UE sobre os cinco mil milhões de euros para um novo fundo exclusivo para a Ucrânia, destinado à compra de munições e armas.
“Se queremos ganhar a guerra, temos de ganhar a paz e temos de ter um Estado forte, capaz de pagar salários, capaz de pagar pensões, capaz de fazer funcionar os serviços públicos, capaz de fazer funcionar o Estado no meio da crise da guerra”, disse Borrell.
Os dirigentes da UE deram luz verde, em 01 de fevereiro, a um pacote de 50 mil milhões de euros em quatro anos, que Borrell espera que o Conselho e o Parlamento Europeu aprovem definitivamente até ao final do mês.
Sobre o plano de paz de Zelensky, Borrell considerou que deveria ser feito “um esforço maior” para obter o apoio do resto do mundo para realizar uma cimeira “que deveria ter lugar imediatamente antes das eleições europeias” em junho.
O responsável europeu apoiou igualmente o pedido de Kiev para que as receitas provenientes dos ativos congelados da Rússia no âmbito das sanções sejam utilizadas para “pagar a destruição da Ucrânia”.
“Estou a trabalhar arduamente para chegar a um acordo que permita transferir estas receitas para o orçamento da UE e utilizá-las para apoiar a Ucrânia”, afirmou.
Quanto às reformas que a Ucrânia deve empreender, dos transportes à energia, da reconstrução ao comércio, no seu caminho para a futura adesão à UE, Borrell anunciou que serão discutidas na próxima reunião do Conselho de Associação, prevista para o início de maio em Bruxelas.
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