"Não é a Rússia que se envolveu numa guerra diplomática, não é a Rússia que iniciou uma troca de sanções ou uma expulsão de diplomatas", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em declarações aos jornalistas.
"A Rússia foi forçada a responder aos atos injustos e ilegítimos de Washington", acrescentou o diplomata, comentando a expulsão de 60 diplomatas russos decretada pelos Estados Unidos na segunda-feira, e o anúncio de que a Casa Branca pondera tomar mais medidas na sequência da expulsão dos norte-americanos na Rússia, na quinta-feira.
"O presidente russo, Vladimir Putin, ainda é a favor do desenvolvimento de boas relações com todos os países, incluindo os Estados Unidos", concluiu o porta-voz.
Se se acrescentarem as medidas similares tomadas pelo Reino Unido, pela maioria dos Estados membros da União Europeia, bem como pela Ucrânia, Canadá e Austrália, já somam quase 230 os diplomatas que devem ser expulsos em consequência do caso do envenenamento no Reino Unido do ex-espião russo Serguei Skripal.
“Não há qualquer justificação para a reação russa”, destacou a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Heather Nauert, durante um encontro com jornalistas, na quinta-feira. “Reservamo-nos o direito de responder”, continuou, acrescentando que “as opções estão a ser examinadas”.
Estimou ainda que Moscovo tinha “decidido isolar-se ainda mais”, ao expulsar os diplomatas norte-americanos e encerrar o consulado dos EUA em São Petersburgo, depois de medidas idênticas tomadas por Washington.
Até agora, a Federação Russa anunciou a expulsão de 83 diplomatas ocidentais, aqueles norte-americanos mais 23 britânicos, já expulsos.
“Quanto aos outros países, (a resposta de Moscovo) vai ser idêntica no que respeita ao número de pessoas que vão ter de abandonar a Rússia”, disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov.
Antes, os EUA e 18 Estados da União Europeia, além de outros Estados ocidentais, anunciaram, desde segunda-feira, 122 expulsões.
Com os 23 russos já expulsos pelo Reino Unido, em 20 de março, são 145 os diplomatas russos que foram objeto de expulsão.
A estes, têm ainda de se acrescentar os sete membros da representação russa na sede da NATO, em Bruxelas, aos quais a Aliança Atlântica anunciou hoje ir retirar a acreditação.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, indicou que “medidas suplementares, incluindo novas expulsões, não estavam excluídas nos próximos dias e próximas semanas”.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, inquietou-se hoje por a tensão atual entre os EUA e a Federação Russa começar a assemelhar-se com a da Guerra Fria.
O ex-espião duplo de origem russa Serguei Skripal, de 66 anos, e a sua filha Yulia, de 33 anos, foram encontrados inconscientes a 04 de março em Salisbury, no sul de Inglaterra, após terem sido envenenados com um componente químico que ataca o sistema nervoso.
O Reino Unido atribuiu o envenenamento à Rússia, que tem desmentido todas as acusações e exigido provas concretas sobre esta alegação.
Em 14 de março, Londres anunciou a expulsão de 23 diplomatas russos do território britânico e o congelamento das relações bilaterais, ao que Moscovo respondeu expulsando 23 diplomatas britânicos e suspendendo a atividade do British Council na Rússia.
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