A Letónia lançou um inédito apelo à vigilância popular contra possíveis agentes secretos russos que possam estar infiltrados no país sob disfarces banais, incluindo o de simples turistas. O alerta foi divulgado esta semana através do relatório anual do Serviço de Informação e Segurança da Defesa (MIDD), uma das três agências de segurança do Estado letão, conta o The Guardian.

Os cidadãos devem estar atentos a indivíduos com aspeto descuidado, com sinais de má higiene ou que mantenham conversas excessivamente inquisitivas com habitantes locais. Outros indícios incluem cortes de cabelo de estilo militar, ausência de conhecimento sobre o território que visitam e, em contraste, a posse de equipamento especializado, como kits médicos de campanha, mapas detalhados ou rádios portáteis.

Entre os comportamentos suspeitos, os agentes do MIDD destacam ainda a presença prolongada de grupos em áreas sensíveis, a alegação de atividades humanitárias como cobertura ou a permanência em locais remotos sem qualquer interesse visível pelo ambiente ou natureza.

O objectivo destes alertas é ajudar a população da Letónia — um país báltico com cerca de dois milhões de habitantes — a identificar eventuais espiões ou sabotadores russos que possam estar a recolher informação sobre infra-estruturas críticas ou instalações militares, ou ainda a preparar atos de sabotagem, assassinatos direcionados ou campanhas de desestabilização social.

Este tipo de recomendações públicas não é totalmente novo na Letónia. Já em 2022, após a invasão russa da Ucrânia, as autoridades tinham emitido um conjunto mais limitado de orientações para ajudar a população a reconhecer atividades suspeitas.