"O objetivo deste primeiro salão é juntar profissionais e visitantes e dar o máximo de informações aos porteiros que continuam a estar bastante isolados. Depois, o objetivo é o recrutamento mas também dar informações sobre riscos ligados à profissão, assim como o material e vestuário ligado à segurança do trabalho diário", disse à Lusa Elisabeth Oliveira, presidente da associação.
No salão, estará disponível "ajuda na redação dos currículos e nas cartas de motivação" e deverão estar presentes o centro de emprego francês Pôle Emploi, organismos de formação e de segurança no trabalho, assim como a Cruz Vermelha "para ensinar os gestos que salvam pois é frequente o porteiro ser a primeira pessoa a chegar ao local de um incidente ocorrido no prédio".
A porteira, licenciada em Psicologia, foi para França em 2013 devido à crise em Portugal e fundou a associação ALMA em outubro de 2015 para criar uma entreajuda na vasta rede de porteiros em Paris, estimada em cerca de 15 mil pessoas, das quais "60% são portuguesas".
"Cada vez há uma maior exigência nesta profissão. Eu mandei o currículo para cá e mandaram-me vir a duas entrevistas. No privado, à partida, não devem pedir formação, é mais no setor público. Mas há uma concorrência tão grande que quem tiver mais habilitações será o escolhido", indicou a porteira de 47 anos.
Elisabeth Oliveira explicou, ainda, que a associação pretende "dar voz" aos porteiros porque "as pessoas acham que é uma profissão de sonho mas não é assim tão dourada quanto se pensa".
"Ninguém dá voz aos porteiros. Cada porteiro, no setor privado, está sozinho. Para estar informado, tem que aderir a sindicatos ou esperar que o condomínio informe. A associação quer dar voz aos porteiros porque estão isolados e quando há problemas estão sozinhos e, muitas vezes, não reclamam porque têm medo de ficar sem casa", acrescentou.
A associação ALMA tem 150 aderentes e 3.000 seguidores na página Facebook, na qual publica regularmente ofertas de emprego e conselhos jurídicos, estando previsto, "para breve" a criação de um site.
"A imagem do porteiro mudou. Hoje, há porteiros que nem sequer fazem limpezas, que são mais gestores do prédio do que propriamente porteiros básicos. Estamos a ser mais valorizados mas ainda há muitos clichés e ninguém gosta de dizer que é porteiro porque é redutor, é visto como um trabalho só manual", concluiu a franco-portuguesa nascida em França que foi para Portugal em 2002 e acabou por regressar a Paris onze anos depois.
A entrada no 1.º Salão para Porteiros custa cinco euros, mas é gratuita para os membros da Associação ALMA, devendo fazer-se mediante inscrição para o email associationalma@hotmail.com .
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