O presidente octogenário pronunciou hoje à tarde um discurso perante os 124 membros do Conselho central que deve aprovar as substituições do antigo secretário-geral Saeb Erakat, que morreu em 2020 após ter contraído o novo coronavírus, e o antigo membro do comité executivo Hanane Achraoui, que se demitiu.
“Concedemos uma grande importância ao processo de reforma (…) e estamos prontos a adotar as medidas necessárias para o garantir”, declarou Abbas ao apelar ao “fim imediato das querelas internas” na liderança palestiniana, de acordo com imagens da televisão palestiniana.
“Os nossos contactos com os israelitas não são um substituto a uma solução política assente no direito internacional”, acrescentou Abbas, que se deslocou a Israel no final de dezembro, acompanhado por conselheiros próximos como Hussein al-Cheikh e Majed Faraj, para manter conversações com o ministro da Defesa israelita, Benny Gantz.
Hussein al-Cheikh, atual ministro dos Assuntos Civis e dirigente do Fatah, o partido de Mahmud Abbas, é apontado para o cargo de principal negociador da OLP e considerado como um potencial sucessor do líder palestiniano, mesmo que não garanta uma forte popularidade.
De uma forma geral, as instituições palestinianas estão cada vez mais desacreditadas, segundo indica a agência noticiosa francesa AFP.
Eleito em 2005, Abbas, cujo mandato deveria ter terminado em 2009, está atualmente no ponto mais baixo das sondagens e em 2021 multiplicaram-se as manifestações na Cisjordânia ocupada que exigiam a sua demissão.
Em abril, o político decidiu anular as eleições presidenciais e também as legislativas, previstas para maio, ao argumentar que o escrutínio não estava garantido em Jerusalém leste, o setor palestiniano da cidade ocupada e anexada por Israel, que recusa a organização de eleições nesse território.
“O nosso objetivo é organizar as presidenciais e as legislativas logo que seja possível garantir as eleições em Jerusalém”, disse hoje Abbas, sem fornecer prazos ou especificar a forma de organizar os escrutínios em Jerusalém leste, onde vivem 300.000 palestinianos.
A reunião do Conselho central da OLP ficou assinalada antes do início do encontro pelo boicote de numerosas fações de esquerda e apelos a manifestações na Cisjordânia e em Gaza para exigir a demissão de Abbas, de 86 anos.
Esta é a primeira reunião em quatro anos do Conselho central da OLP, organização fundada em 1964 e que agrupa diversas fações palestinianas.
O encontro surge num momento em que é questionada a própria legitimidade da organização.
“Existem questões muito importantes sobre a legitimidade, simplesmente porque não decorrem eleições desde há algum tempo”, disse à AFP Ghassan al-Khatib, politólogo na universidade de Birzeit.
“A questão da legitimidade apenas pode ser abordada através de eleições, e o facto de esta reunião apenas prever o voto para o comité executivo vai aprofundar o debate e a questão da legitimidade”, afirmou.
Hoje, centenas de pessoas concentraram-se no centro de Gaza após um apelo do movimento islamita Hamas, que controla o poder neste enclave.
O Hamas não integra a OLP, mas pretende juntar-se a esta organização, internacionalmente reconhecida como representante do povo palestiniano.
Para o Hamas, este encontro não se destina a reconciliar as fações palestinianas, mas apenas para promover o círculo restrito do presidente Abbas e para aprovar designações de dirigentes previamente selecionados.
“O Hamas, as fações palestinianas e as massas manifestam a sua rejeição por este encontro do Conselho central que apenas promove a divisão e não exprime a vontade do povo”, considerou em Gaza Mushir Al-Masri, um dirigente do Hamas.
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