“Quando um terço da população rohingya é obrigada a sair do país, consegue encontrar uma palavra melhor para descrever?”, disse Guterres numa conferência de imprensa.
O secretário-geral não usou o termo genocídio, garantindo que não existem vantagens em discutir os diferentes termos que se podem usar, mas disse que “a situação humanitária é catastrófica” e ilustrou esta realidade com alguns números.
“Quando lá estive na semana passada, havia 125 mil refugiados Rohingya que tinham fugido para o Bangladesh. Esse número triplicou para 380 mil, disse Guterres.
O secretário-geral apelou à Birmânia para suspender as operações militares contra a minoria ‘Rohingya’, cerca de 400.000 membros da qual já se refugiaram no vizinho Bangladesh para fugir às atrocidades.
“Apelo às autoridades da Birmânia para que suspendam as ações militares e a violência e protejam o Estado de direito”, declarou Guterres em conferência de imprensa, advertindo que a violência desencadeou uma catástrofe humanitária.
Inquirido sobre se o que está a acontecer na Birmânia é uma “limpeza étnica”, o responsável máximo das Nações Unidas considerou não haver “melhor palavra para descrever a situação” que levou “um terço da população ‘Rohingya’ a fugir do país”.
Segundo a ONU, cerca de 400.000 Rohingyas refugiaram-se no Bangladesh desde finais de agosto para fugir à repressão do exército birmanês, que lançou uma operação militar no oeste do país após uma série de ataques da rebelião Rohingya.
O porta-voz presidencial birmanês precisou hoje que 176 aldeias ‘rohingya’ estão vazias, em consequência da fuga de todos os residentes devido à violência no estado de Rakhin (oeste).
O porta-voz não usou o termo Rohingya, mas bengali, a palavra normalmente usada na Birmânia, onde se considera que aquela minoria migrou ilegalmente do Bangladesh.
As autoridades da Birmânia, de maioria budista, não reconhecem a cidadania aos Rohingya, cerca de um milhão de pessoas, impondo-lhes múltiplas restrições, incluindo a privação de liberdade de movimentos.
A ONU tem manifestado preocupação com a violência do Estado birmanês sobre os ‘rohingya’ e, na segunda-feira, o Alto-Comissário para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, descreveu a situação como “um exemplo clássico de limpeza étnica”.
Comentários