A proposta partiu dos vereadores do CDS-PP, a maior força da oposição na autarquia liderada por Fernando Medina (PS), e foi apreciada em reunião pública do executivo municipal, que decorreu nos Paços do Concelho.
O documento teve os votos favoráveis do PS, CDS-PP e PSD e a abstenção do PCP.
Manuel Grilo, vereador do BE (partido que tem um acordo de governação do concelho com os socialistas), responsável pelo pelouro dos Direitos Sociais, votou contra, considerando que a proposta “não faz sentido”.
O objetivo dos centristas é a criação de um grupo de missão, em articulação com a presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas (PS), que “operacionalize uma rede de partilha entre as várias entidades com atividade local relevante nas áreas de apoio aos idosos, pessoas com deficiência e pessoas com doença mental e que faça a gestão, de procura e de oferta, para dar resposta às carências destas populações”.
Localizado nas Avenidas Novas, “um local central na cidade de Lisboa com realidades sociais muito díspares”, o projeto “Cuidadores nas Avenidas” deve ter “como fonte primordial o levantamento de dados levado a cabo pelo projeto Radar”, que pretende sinalizar e apoiar idosos com mais de 65 anos em situação de isolamento em Lisboa, lê-se na proposta do CDS-PP.
“Este grupo de missão deve trabalhar em articulação com a SCML [Santa Casa da Misericórdia de Lisboa], procurando ser uma consequência prática do projeto Radar, através de respostas capilares que possam ser extensíveis a toda a cidade”, aponta o texto.
O grupo de missão deve apresentar à autarquia e à Junta das Avenidas Novas a estratégia de execução da rede e, após a conclusão do plano, deverá ser elaborado um relatório para “ponderação do trabalho desenvolvido e avaliação sobre o seu alargamento”.
Para Manuel Grilo, é incongruente avançar “com um estudo sobre os cuidadores informais para toda a cidade de Lisboa e, ao mesmo tempo, aprovar uma proposta para uma única freguesia”.
“Isto não faz sentido”, defendeu, acrescentando que este projeto-piloto se insere no trabalho que “deve ser feito pela Comissão Social de Freguesia”.
Já Ana Jara, do PCP, notou que esta proposta “não está a complementar com as questões que neste momento estão a ser articuladas no terreno”.
O vereador do CDS-PP João Gonçalves Pereira contrapôs que a “preocupação” dos centristas “é com os idosos” e considerou que, apesar de algumas comissões sociais trabalharem “excelentemente”, isso é “exceção, não é regra”.
O “espírito desta proposta é o idoso”, vincou o eleito, defendendo a questão social não devia dividir os partidos.
Por seu turno, o presidente da câmara concordou que “não há nesta proposta uma total coerência com iniciativas que têm vindo a ser desenvolvidas”, mas ressalvou que não é por isso que o projeto não deve receber apoio.
“Não estamos a tratar de nenhum empreendimento irreversível, ou físico, de muitos milhões. Estamos a tratar de uma experiência, numa freguesia, numa determinada área. Vamos ver com ocorre”, concluiu Fernando Medina.
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