“Recebemos este governo numa situação de penúria, em que as coisas mais simples não foram feitas. De forma irresponsável, o presidente preferiu contar mentiras (...) do que governar o país”, disse Lula, de 77 anos.
Ao apresentar as conclusões da equipa de transição, o futuro vice-presidente, Geraldo Alckmin, detalhou um "enorme retrocesso" na educação, com redução da aprendizagem e aumento do abandono escolar, mas também na saúde, com queda na vacinação e alto índice de mortes por covid-19, que matou mais de 690 mil brasileiros.
Alckmin apresentou um balanço desolador sobre a cultura, agricultura, infraestruturas e o meio ambiente, no qual detalhou um aumento de quase 60% do desmatamento na Amazónia. "Houve um desmonte do Estado brasileiro", afirmou, prevendo que Lula terá "uma tarefa hercúlea" nos quatro anos de mandato.
Lula, presidente por dois mandatos consecutivos, entre 2003 e 2010, anunciou 16 novos nomes para o seu gabinete, que ao todo terá 37 Ministérios, contra os 23 atuais. Nísia Trindade, presidente da Fiocruz, que teve um papel importante na luta contra a Covid, será a primeira mulher no comando da pasta da Saúde.
O Ministério da Mulher será conduzido por Cida Gonçalves, que ocupou cargos nos governos de Lula e Dilma Rousseff (2011-2016). Para a Igualdade Racial foi nomeada Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada Marielle Franco, que se tornou um símbolo da luta contra o racismo e a violência policial.
A cantora Margareth Menezes foi confirmada à frente do Ministério da Cultura, que tinha sido reduzido a uma secretaria de Estado no governo de Bolsonaro.
Ao revelar os primeiros nomes do seu gabinete, no início de dezembro, Lula prometeu que se esforçaria para que o governo tivesse "a cara da sociedade brasileira", e disse que chegaria "um momento" em que o seu gabinete teria "mais mulheres do que homens" e "muitos afrodescendentes".
Quatro dos ministros anunciados nesta quinta-feira são negros ou pardos, a maioria entre os 215 milhões de brasileiros. Entre as 21 pastas anunciadas até o momento, seis serão comandadas por mulheres, ou 29% do total.
Vários dos novos nomes são figuras do Partido dos Trabalhadores (PT), como Camilo Santana (Educação), Luiz Marinho (Trabalho) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social, pasta à frente do programa Bolsa Família). Este último cargo era cobiçado pela senadora de centro Simone Tebet, que ficou em terceiro lugar na primeira volta das eleições presidenciais, antes de apoiar Lula na segunda, de acordo com a imprensa local.
Geraldo Alckmin também será ministro da Indústria e Comércio. Lula informou que outros nomes serão anunciados nos próximos dias, enquanto continuam as negociações entre o PT e os seus aliados, a 10 dias da tomada de posse. Entre os cargos que ainda não foram divulgados, e geram grandes expectativas, estão os futuros titulares das pastas do Meio Ambiente e Povos Originários.
O presidente eleito já tinha anunciado há duas semanas os futuros ministros da Justiça e Segurança Pública, Relações Exteriores, Casa Civil e Fazenda, para a qual foi designado o ex-ministro e ex-autarca de São Paulo, Fernando Haddad.
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