Mark Lowcock advertiu na quinta-feira o Conselho de Segurança das Nações Unidas que, apesar de, nos últimos quatro anos, dois milhões de pessoas terem fugido do país, mergulhado num conflito armado, sete milhões de pessoas — ou “quase dois terços da população remanescente” — ainda precisa de ajuda humanitária.
No início do próximo ano, metade da população do Sudão do Sul vai estar dependente de ajuda alimentar de emergência, afirmou.
“Na próxima época de seca, que tem início em março, é provável que verifiquem condições de fome em diversos pontos do país”, disse o secretário-geral adjunto para os Assuntos Humanitários da ONU, citado pela agência de notícias norte-americana Associated Press.
O chefe das operações de manutenção da paz das Nações Unidas, Jean-Pierre Lacroix, qualificou, por seu turno, de “precária” a situação de segurança no Sudão do Sul e advertiu para o risco de uma escalada do conflito armado e de confrontos intercomunitários precisamente à medida que se aproxima a época seca.
O mesmo responsável referiu, neste âmbito, o ressurgimento de combates, nas últimas duas semanas, entre as forças da oposição, aliadas do antigo vice-presidente sul-sudanês Riek Machar, e do atual primeiro-vice-presidente Taban Deng Gai.
Além disso, prosseguem as violações aos direitos humanos relacionadas com o conflito, como saques, morte de civis, detenções arbitrárias ou ataques sexuais, “com forças organizadas a serem implicadas como perpetradores na maioria dos casos”, afirmou.
Neste sentido, Jean-Pierre Lacroix instou o Conselho de Segurança da ONU a “permanecer vigilante e a envidar mais esforços para condenar e parar a violência, para proteger os civis e a facilitar urgentemente uma solução política para o conflito”.
As expetativas de que o Sudão do Sul alcançaria a paz e estabilidade após se ter declarado independente do vizinho Sudão em 2011 eram elevadas. Contudo, a mais jovem nação do mundo mergulhou, em dezembro de 2013, num violento conflito, que opõe as forças leais ao Presidente do país, Salva Kiir, de etnia Dinka, e vários grupos armados, o principal liderado pelo ex-vice-presidente Riek Machar, da tribo Nuer, que vive atualmente na África do Sul.
As duas partes assinaram um acordo de cessar-fogo em agosto de 2015, permitindo a formação de um governo de unidade nacional. No entanto, em julho de 2016, desentendimentos entre apoiantes de Kiir e de Machar levaram ao reacendimento do conflito que fez em dezenas de milhares de mortos.
O chefe das operações de manutenção da paz das Nações Unidas afirmou ainda apoiar veementemente o processo de reuniões de paz posto em marcha pela Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD, na sigla em inglês), formada por oito países, que visa alcançar um cessar-fogo, aplicar o acordo de paz de 2015 e definir “um calendário realista para a sua implementação”.
Jean-Pierre Lacroix disse que a ONU espera que o chamado Fórum de Revitalização de Alto Nível, liderado pela IGAD, previsto para meados do mês, não seja um evento único, mas “um processo sustentado” que responsabilize governo e oposição a acabar com as hostilidades e agarantir uma transição bem-sucedida.
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