A cerimónia decorreu na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém, com entrada apenas permitida a repórteres de imagem.
Num breve discurso antes da entrega das insígnias, o Presidente, que é também comandante supremo das Forças Armadas, referiu que “a continuidade do Estado significa que as instituições permanecem, as mulheres e os homens passam, e em cada momento histórico servem de acordo com a sua aptidão, com a sua capacidade, devoção, o seu empenhamento, funcional e pessoal”.
“E a presença do senhor secretário de Estado, do senhor general Chefe do Estado-Maior do Exército, senhor general Chefe do Estado-Maior da Força Aérea e do senhor vice-chefe do Estado-Maior da Armada significam isso mesmo (…) que é a ideia da continuidade do Estado para além, naturalmente, daquilo que é em cada momento a interpretação pessoal, a sensibilidade pessoal, a suscetibilidade pessoal no exercício das funções”, acrescentou.
O Presidente destacou o facto de os anos em que estes dois chefes militares exerceram funções terem sido “intensos”, referindo “o empenhamento contínuo das Forças Nacionais Destacadas em cenários muito diversos e de complexidade crescente, em vários continentes e em circunstâncias porventura adversas”.
“E por outro lado, a pensar também nas missões internas, nas missões ligadas nomeadamente às responsabilidades de proteção civil”, como os fogos florestais ou a pandemia da covid-19, disse.
As chefias militares, continuou, “tiveram de encarar situações novas, inéditas, que envolviam colaborações, coordenações, conjugações quer no quadro das FA, quer com forças de segurança, quer com a Proteção Civil, quer com autarquias, quer com a sociedade civil como um todo e diversas outras instituições do estado”.
Marcelo disse que esta distinção trata do “reconhecimento do mérito funcional, pela devoção, pela dedicação, pelo empenho e pela competência”, mas tem “uma componente pessoal inevitável também”.
“Quem exerce essas e outras funções ao serviço da causa pública, exerce-as empenhando também aquilo que é e aquilo que representa a sua visão: a visão do mundo, da Europa, de Portugal, das Forças Armadas e a visão de cada uma das instituições em que serve”, disse, destacando também o papel da família e dos “colaboradores próximos” no desempenho destas funções.
Estiveram presentes na cerimónia o secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional, Jorge Seguro Sanches, o Chefe do Estado-Maior do Exército, general Nunes da Fonseca, o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea recentemente empossado, general Cartaxo Alves e o vice-Chefe do Estado-Maior da Armada, vice-almirante Coelho Cândido.
A Ordem Militar de Cristo destina-se a distinguir destacados serviços prestados ao país no exercício das funções de soberania.
Os dois militares deixaram recentemente de desempenhar os seus cargos como chefes dos respetivos ramos: o almirante António Mendes Calado deixou em dezembro passado a liderança da Armada a meio do segundo mandato e o general Nunes Borrego terminou o seu primeiro mandato à frente da Força Aérea no dia 26 de fevereiro, não tendo sido reconduzido.
António Maria Mendes Calado de 64 anos, foi nomeado para CEMA em 2018. Especializou-se em artilharia e concluiu a sua carreira no mar como comandante da fragata Corte Real, entre julho de 2002 e dezembro de 2005, e foi vice de Silva Ribeiro na Marinha.
A exoneração do almirante a meio do mandato gerou polémica, tendo sido primeiro noticiada em setembro passado, mas na altura foi adiada pelo Presidente da República, que considerou não ser “o momento adequado” para a sua substituição — algo que apenas aconteceria no final de dezembro.
Nessa altura, Mendes Calado afirmou, num vídeo publicado no Facebook oficial da Marinha, que deixava o ramo “não por vontade própria”, assegurando que “até ao último momento” manteve a “mão firme no leme” porque é isso que “mares agitados” exigem.
O ex-CEMA também não esteve presente na posse do almirante Henrique Gouveia e Melo que lhe sucedeu no cargo, em 27 de dezembro.
O general Joaquim Nunes Borrego tomou posse como chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA) a 26 de fevereiro de 2019, para um mandato de três anos.
Nunes Borrego nasceu em 14 de novembro de 1960, em Pinhel, ingressando na Academia da Força Aérea em 1979, onde concluiu a licenciatura em Ciências Militares Aeronáuticas em 1983.
Do seu currículo consta uma colocação na EURONATO na Base Aérea de Sheppard, nos EUA, onde foi piloto instrutor e avaliador. Desempenhou funções em várias esquadras e foi oficial de operações e comandante de esquadra.
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