“Vinte dias, disse? Vinte dias é o final do mês de novembro, princípio de dezembro”, exclamou Marcelo Rebelo de Sousa, em conversa com os presidentes das Câmaras de Viseu e de Mangualde, Almeida Henriques e João Azevedo, respetivamente, durante uma visita à Barragem de Fagilde.
João Azevedo explicou que, para restabelecer os níveis, teria de haver “500 camiões por dia a deitar água dentro da bacia da Barragem de Fagilde”.
Questionado pelos jornalistas sobre se tinha noção desta realidade, Marcelo Rebelo de Sousa disse ter-se apercebido dela ao ouvir, “nos últimos dias, as intervenções dos senhores presidentes de Câmara” e “quando ficou patente que afinal a chuva não vinha”.
O Chefe de Estado disse que a chuva que caiu “foi insignificante”, sublinhando a importância de se confirmarem as previsões de que “daqui a dez dias poderá chover”.
Os autarcas contaram a Marcelo Rebelo de Sousa que, como forma de fazer face à seca, chegam diariamente, em camiões cisterna, 500 metros cúbicos de água a Mangualde e 3.300 metros cúbicos a Viseu.
“Tira 'stress' da barragem”, explicou João Azevedo.
Almeida Henriques admitiu que o secretário de Estado do Ambiente “tem sido inexcedível” a ajudar a resolver a situação, mas que esta operação está a custar “muito dinheiro” ao cofres da autarquia: 20 mil euros por cada um dos últimos dez dias no caso de Viseu.
“Nós temos uma margem entre os cinco mil euros e os 27 mil euros, com a previsão de termos cerca de 250 mil euros para usar, mas não temos capacidade para aguentar mais do que isto. E o Governo tem que assumir esta responsabilidade”, frisou João Azevedo.
Almeida Henriques alertou que, se houver necessidade de “dobrar a operação, a Câmara de Viseu pode estar, daqui a mais uma semana, a gastar 40 a 50 mil euros por dia só para abastecimento de água”, o que “não dá para aguentar, apesar da boa situação financeira”.
“É muito dinheiro”, constatou Marcelo Rebelo de Sousa.
Ao abeirar-se da albufeira da barragem, que está com 10% da sua capacidade total, apesar do escuro, o Presidente da República conseguiu ficou espantado com o que viu.
“Quase inimaginável para novembro”, afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou o facto de, na região de Viseu, graças à solidariedade entre autarquias, ter sido possível “por de pé um esquema nos últimos dez dias, mas que envolve, de facto, montantes significativos”.
Apesar de o Governo estar “sensível a essa realidade”, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se preocupado por, caso não chova, ela se possa prolongar “por um período considerável”.
“O ano seco ficou patente quando se verificou, em setembro e depois em outubro, que não havia a chuva que muitos esperavam. Ninguém pensava que fosse setembro, outubro e estamos a avançar por novembro e tivéssemos a situação que temos”, lamentou.
A Barragem de Fagilde abastece 130 mil pessoas dos concelhos de Mangualde, Nelas, Viseu e Penalva do Castelo.
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