“Grândola Vila Morena, terra da fraternidade, o povo é quem mais ordena, dentro de ti ó cidade”, cantou a eurodeputada, gritando, em francês, no final: “É o povo quem mais ordena! Encontramo-nos na segunda volta! Até breve!”
Poucos cantaram a música de Zeca Afonso mas foram muitas as palmas no final do curto discurso de Marisa Matias, seguido da intervenção de Pablo Iglesias, líder do partido espanhol Podemos.
Marisa Matias começou por desculpar-se do seu francês, apenas com sotaque mas sem erros, e destacou que “Jean-Luc é o único candidato que pensou na França realmente e pensou em metade da sociedade, as mulheres e os direitos das mulheres”.
“Boa tarde, insubmissos de França! Que campanha magnífica! Estamos aqui para dizer que não estão sós. Há toda uma Europa de cooperação, de insubmissos e de insubmissas. Estamos aqui para trabalhar juntos, para dizer que há esperança e que podemos ser felizes na nossa vida. É por isso que estamos aqui, não pelo poder consagrado”, declarou Marisa Matias perante o público.
Jean-Luc Mélenchon disse ter ao pé de si “o clube dos 10%, Pablo Iglesias do Podemos e Marisa Matias que fez 10% em Portugal com o Bloco de Esquerda”.
O candidato da França Insubmissa afirmou que “há várias Europas” e que é possível um outro modelo “que não seja a competição mas a cooperação”, considerando que ele e os seus dois convidados representam uma “Europa dos rebeldes, dos insubmissos, a Europa do Podemos, a Europa do Bloco”.
No final, Marisa Matias disse à Lusa ter aceite o convite para cantar a Grândola porque foi algo que Mélenchon já lhe tinha pedido, tendo aliás sido o candidato quem começou a cantar para motivar a eurodeputada portuguesa.
“Já há alguns anos, num congresso do Parti de Gauche, o Jean-Luc Mélenchon convidou-me e praticamente obrigou-me a ir ao palco cantar o Grândola Vila Morena. Hoje tinha dito para eu tentar cantar novamente. Obviamente, eu não sei cantar mas seja como for tentei fazer-lhe o gosto porque acho que valia a pena e ele merece”, explicou.
Em declarações à Lusa, Pablo Iglesias destacou que uma vitória de Mélenchon seria benéfica para Portugal e Espanha.
“Creio que muda a situação na Europa ter um presidente da República Francesa que faça frente a Merkel e que aposte na reconstrução do projeto europeu fundamentado nos velhos valores do antifascismo: liberdade, igualdade e fraternidade. Pode ser que as coisas mudem muito em Espanha e em Portugal também”, afirmou.
No final, Jean-Luc Mélenchon fundiu-se na multidão de militantes e jornalistas e Marisa Matias disse “estar confiante” na passagem do candidato à segunda volta porque tem “esperança até ao fim”.
Caso nenhum dos 11 candidatos seja eleito logo no domingo, com maioria absoluta, a segunda volta das eleições presidenciais está marcada para 7 de maio.
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