"Vamos eliminar os fact-checkers [verificadores de conteúdo] para os substitui por notas da comunidade semelhantes às do X [antigo Twitter], a começar pelos Estados Unidos", escreveu nas redes sociais o fundador e CEO da Meta, Mark Zuckerberg.

O diretor-executivo afirmou que "os verificadores de factos têm sido muito parciais politicamente e destruíram mais confiança do que construíram, especialmente nos Estados Unidos".

Trump comemorou a decisão. Em declarações à imprensa na sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, o presidente eleito dos Estados Unidos expressou sua satisfação com o anúncio da Meta, e quando questionado se acreditava que a mudança teria sido uma resposta às suas ameaças a Zuckerberg, respondeu: "Provavelmente, sim".

O diretor-executivo da Meta anunciou que os sites da companhia, incluindo o Facebook e o Instagram, "iriam simplificar" as suas políticas de conteúdo para se livrar de "muitas restrições sobre tópicos como imigração e género que simplesmente não se conectam com o discurso dominante".

Atualmente, a Agence France-Presse trabalha com o programa de verificação de conteúdo do Facebook em 26 idiomas e a plataforma paga para usar as verificações de cerca de 80 organizações de todo o mundo na sua rede social, bem como no WhatsApp e no Instagram.

Recompor a relação

O anúncio da Meta reflete muitas das críticas dos republicanos e do proprietário do X, Elon Musk, sobre os programas de verificação de factos que muitos conservadores consideram censura.

O fundador da Tesla e da SpaceX, Musk, comemorou a decisão nesta terça-feira. "É legal", disse nas redes, junto com uma captura de ecrã de um artigo intitulado "Facebook dispensa os 'fact-checkers' numa tentativa de 'restaurar' a liberdade de expressão".

Argumentou que "as eleições recentes [de 5 de novembro] parecem ser um ponto de inflexão cultural para, mais uma vez, priorizar a liberdade de expressão".

Este anúncio de mudança de estratégia ocorre no momento em que Zuckerberg tem feito esforços para se reconciliar com o presidente eleito dos EUA, incluindo uma doação de US$ 1 milhão para o seu fundo de posse. O republicano assumirá o cargo na Casa Branca a 20 de janeiro.

Trump tem sido um crítico severo da Meta e de Zuckerberg nos últimos anos, acusando a empresa de apoiar políticas liberais e de ter uma visão tendenciosa contra os conservadores.

O magnata republicano foi expulso do Facebook depois dos seus partidários terem invadido o Capitólio a 6 de janeiro de 2021, em Washington, numa tentativa de impedir a certificação da vitória do rival democrata Joe Biden. No entanto, a empresa restabeleceu a sua conta no início de 2023.

Gestos corporativos

Zuckerberg também jantou com o futuro presidente na residência de Trump em Mar-a-Lago, em novembro, em outra tentativa de consertar o relacionamento da empresa com o candidato republicano após a sua vitória eleitoral.

Outro gesto recente do CEO da Meta para com o governo Trump foi a nomeação, na semana passada, de Joel Kaplan, um membro do partido republicano, para chefiar os assuntos públicos da companhia, substituindo Nick Clegg, ex-vice-primeiro-ministro britânico.

"Muito conteúdo inofensivo é censurado, muitas pessoas são injustamente presas na 'cadeia do Facebook'", disse Kaplan em um comunicado, insistindo que a abordagem atual da moderação de conteúdo "foi longe demais".

Zuckerberg também nomeou Dana White, diretor do Ultimate Fighting Championship (UFC), um aliado próximo de Trump, para a diretoria da Meta.

Como parte da reestruturação, a Meta disse que transferirá as suas equipas de confiança e segurança da Califórnia (oeste), onde as opiniões liberais são generalizadas, para o Texas (sul), um estado mais conservador.

"Isso ajudar-nos-á a criar confiança para fazer esse trabalho em lugares onde há menos preocupação com os preconceitos de nossas equipes", disse Zuckerberg.

Trump diz que as suas ameaças 'provavelmente' influenciaram no fim do fact-checking da Meta

Donald Trump afirmou que a mudança brusca da política de moderação de conteúdo da Meta, empresa matriz do Facebook, que inclui o fim do fact-checking (verificação digital) nos Estados Unidos, foi "provavelmente" motivada pelas suas ameaças contra o diretor-executivo da companhia, Mark Zuckerberg.

Em declarações à imprensa na sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, o presidente eleito dos Estados Unidos expressou sua satisfação com a decisão da Meta, e quando questionado se acreditava que o anúncio teria sido uma resposta às suas ameaças a Zuckerberg, respondeu: "Provavelmente, sim".