O ministro português, Azeredo Lopes, que foi anfitrião de um encontro do "Quarteto do Sul" no qual participaram os seus homólogos espanhol, Maria Cospedal, francês, Jean-Yves le Drian, e italiana, Roberta Pinotti, revelou na conferência conjunta que o documento segue na terça-feira para a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte, NATO na sigla em inglês) mas não adiantou pormenores sobre o seu conteúdo.
"Obtivemos um consenso relativamente ao teor do documento (…). Tivemos a capacidade de discutir com franqueza as questões que levaram a que nos reuníssemos e este é um aspeto feliz que quero destacar. A carta deve ser primeiro conhecida pelo destinatário", explicou o ministro da Defesa português.
Sobre a reunião, Azeredo Lopes, que frisou a "riqueza da discussão", referiu que sobre a mesa estiveram as questões do flanco Sul da NATO que preocupam estes países, entre outros temas.
"Entendemos que há passos que devemos destacar pela positiva, nomeadamente um reforço institucional que se está a verificar no sul de Itália, em Napoles. Queremos, no entanto, deixar claro que o novo enquadramento do Sul é uma dimensão fundamental da organização. Reiteramos solenemente a confiança de que a organização será capaz de enfrentar os desafios para a nossa segurança e defesa", disse Azeredo Lopes, apontando como "ameaça sem precedentes" o terrorismo transnacional.
"Todos estamos de acordo que a NATO isoladamente não pode enfrentar esses desafios e queremos destacar a importância de haver relações que se desenvolvam cada vez mais entre a NATO e a União Europeia, mas também com as Nações Unidas", acrescentou o ministro português.
Outra das ideias que dominou a reunião ministerial do "Quarteto do Sul", que decorreu no Palácio da Bolsa, no Porto, foi a convicção de que Portugal, Espanha, França e Itália podem, pela sua "experiência e localização" contribuem "muito para a vida da NATO".
"E aqui estamos de forma responsável a dizer presente e a mostrar-nos dispostos a enriquecer o debate no âmbito da NATO e de outras organizações de que fazemos parte", concluiu Azeredo Lopes.
Também a ministra espanhola, Maria Cospedal, considerou que atualmente este tipo de iniciativas são uma "mais-valia" para a organização porque os países têm "muito para dar, dizer e colaborar".
"O objetivo foi dar eco às nossas preocupações comuns no âmbito da NATO porque hoje a estratégia mudou e a configuração geopolítica é diferente, mas os pilares da aliança existem, continuam a existir e devem readaptar-se", disse, por sua vez, o ministro da Defesa francês, Jean-Yves le Drian.
Já a governante italiana, Roberta Pinotti, referiu que as novas ameaças pressupõem novas adaptações por parte da NATO, lembrando que alterações como uma nova administração norte-americana e a saída do Reino Unido da União Europeia.
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“Precisamente por esse motivo queremos um maior reforço dessa ambição, claro sem esquecer o objetivo pelo qual a organização foi criada”, afirmou após a reunião ministerial de defesa do “Quarteto do Sul”, realizada no Porto.
A governante frisou que as ameaças com que a Europa se depara hoje no âmbito do tratado do Atlântico Norte são diferentes do que eram há alguns anos porque os riscos são maiores e vêm de sítios diferentes.
E acrescentou: “acreditamos que o reforço da política no flanco Sul seria muito importante”.
Os ministros da Defesa de Portugal, Espanha, França e Itália reuniram-se hoje no Porto para debater temas-chave para a estratégia de segurança como o estado atual da NATO e as relações transatlânticas.
Este encontro antecede a reunião dos ministros de Defesa dos 28 países da NATO, nos dias 15 e 16, em Bruxelas (sede da organização), na qual estará presente pela primeira vez o novo secretário da Defesa norte-americano, o general reformado James Mattis.
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