Os contratos de futuros da bitcoin começarão a negociar pelas 23:00 (hora de Lisboa) de domingo no mercado de futuros de Chicago (CBOE), mas o primeiro dia de operações será segunda-feira.
Já a 18 de dezembro é esperado que a bitcoin comece a operar na maior plataforma mundial de derivados, a CME, também em Chicago, e para o ano está anunciada a sua entrada no mercado de futuros do Nasdaq.
“Dado o interesse sem precedentes na bitcoin, é vital darmos aos nossos clientes as ferramentas de mercado que permitam expressar os seus pontos de vista e cobrir a sua exposição”, afirmou o presidente do CBOE, Ed Tillu.
A bitcoin, nascida em 2009 e criada por uma pessoa com nome fictício de Satoshi Nakamoto, é a moeda virtual mais popular do mundo. Baseia na tecnologia ‘blockchain’, que suporta o seu valor material na criptografia de dados informáticos.
A decisão do mercado de futuros CBOE e, mais tarde do CME, representa um passo-chave para que a bitcoin tenha o reconhecimento dos mercados financeiros, segundo os analistas, e está na base da sua valorização nos últimos dias, uma vez que a negociação nesses mercados aumenta o interesse de investidores particulares e empresas financeiras.
O preço da moeda virtual bitcoin atingiu na quinta-feira um novo recorde ao aproximar-se dos 15.000 dólares (12.721 euros), para diminuir acentuadamente poucos minutos depois. No início deste ano a bitcoin valia 996 dólares (cerca de 846 dólares).
“É uma legitimação da bitcoin como classe de ativos”, sustentou Daniel Masters, presidente da empresa de investimento Global Advisor, que tem já um fundo de investimento nesta criptomoeda.
As operações de futuros de bitcoins, segundo especialistas, permitirão às empresas financeiras que operem com essa moeda virtual proteger-se de mudanças repentinas no preço.
Contudo, não seria a primeira vez que um novo produto no mercado de futuros se extingue rapidamente, dado o pouco sucesso que atrai, uma possibilidade que os analistas não descartam, considerando o quão opaca é a plataforma dessa moeda virtual.
“Reconhecemos que a bitcoin é um mercado novo e inexplorado que continuará a evoluir”, disse Terry Duffy, presidente da CME, onde os futuros da moeda virtual começarão a operar no dia 18 de dezembro.
O início de negociação de futuros de bitcoin levou um grupo de bancos e de câmaras de compensação financeiras (Futures Industry Association) a afirmar que os reguladores federais aprovaram estes futuros financeiros demasiado rápido e sem considerar adequadamente os riscos inerentes, sobretudo o facto de a extrema volatilidade ligada à bitcoin poder deixar as câmaras de compensação expostas quando o contrato futuro se mover de forma muito violenta.
Alguns analistas apontam para uma subida continuada do preço da bitcoin para níveis nunca vistos, enquanto outros alertam para a elevada volatilidade do mercado das criptomoedas.
A moeda virtual tem fiéis seguidores, mas também os seus inimigos, um deles é o presidente executivo do banco JP Morgan, Jamie Dimon, que descreve esse instrumento como uma “fraude” e disse que em algum momento a bolha “estourará”.
Em abril, o Japão converteu-se no primeiro país do mundo a reconhecer legalmente a bitcoin como forma de pagamento, o que permitiu que o iene seja a divisa nacional mais trocada pela moeda virtual a nível mundial.
As criptomoedas não estão vinculadas a um banco ou governo e permitem registos anónimos dos utilizadores de bitcoin, o que leva a críticas de que servem apenas para facilitar o branqueamento de capitais e pagamentos ilícitos e colocam em causa a segurança das transações e dos depósitos.
Na quinta-feira foi divulgado que desconhecidos roubaram mais de 4.700 bitcoins, equivalentes a cerca de 70 milhões de dólares (cerca de 59,2 milhões de euros, à taxa de câmbio atual), num ataque cibernético à empresa NiceHash, uma plataforma eletrónica eslovena especializada em criptomoedas.
Comentários