"A nossa querida mãe, Loretta Lynn, faleceu pacificamente nesta manhã, 4 de outubro, durante o sono na sua cama no seu adorado ranch em Hurricane Mills", lê-se no comunicado da família, que pediu privacidade e adiantou que uma sessão memorial será anunciada mais tarde.

Com uma carreira com mais de 60 anos, Loretta Lynn foi "uma das mais amadas artistas da sua geração", escreveu hoje o New York Times. Lynn deixa um repertório de canções pioneiras que marcou gerações de artistas, por abordarem histórias sobre a condição das mulheres, lembra a Associated Press.

Nascida no Kentucky em 1932, Loretta Lynn aprendeu sozinha a tocar guitarra, oferecida pelo marido, com quem se casou aos 15 anos e de quem teve seis filhos. O casamento e a vida rural seriam duas das fontes de histórias para Loretta Lynn escrever canções.

Lynn já era mãe de quatro filhos antes de ingressar numa carreira na música e o facto de ter proveniências modestas — o seu pai era um mineiro nas explorações de carvão — e de as celebrar com orgulho fez dela uma figura querida e facilmente relacionável na música country.

"Enquanto compositora, ela criou a imagem de uma mulher provocadoramente dura, contrastando com a ideia estereotipada da maioria das cantoras 'country'. (...) Escreveu, de forma destemida, sobre sexo e amor, sobre maridos traidores, divórcio, contraceptivos", descreveu a AP, lembrando que as rádios norte-americanas chegaram a recusar-se a passar as músicas dela.

Depois de ter formado a sua própria banda - Loretta and the Trailblazers -, Loretta Lynn gravou a primeira música em 1960, intitulada 'I'm a Honky Tonk Girl'.

Ao longo da sua carreira, a cantora lançou 60 álbuns e mais de 160 canções, de onde se destacam êxitos como "Coal Miner’s Daughter,” “You Ain’t Woman Enough,” “The Pill,” “Don’t Come Home a Drinkin’ (With Lovin’ on Your Mind),” “Rated X” e “You’re Looking at Country".

"Eu não escrevia para os homens. Eu escrevia para as mulheres, e depois os homens também gostavam", afirmou a artista numa entrevista à AP em 2016.

Nos anos 1970, Loretta Lynn também trabalhou com o cantor Conway Twitty, com quem protagonizou um dos mais populares duos daquele género musical.

Em 1969 lançou uma autobiografia, "Coal Miner's Daughter" e em 1980 estreou-se um filme, com o mesmo título, realizado por Michael Apted, sobre a vida dela, protagonizado por Sissy Spacek e Tommy Lee Jones.

Da discografia mais recente da artista, que nunca deixou de compor ao longo da carreira, destaque para 'Van Lear Rose' (2004) - o 42.º álbum, produzido pelo músico Jack White, admirador confesso do trabalho dela.

Já depois de ter tido vários problemas de saúde, que a obrigaram a cancelar uma digressão, Loretta Lynn ainda editou em 2018 o álbum 'Wouldn't It Be Great', produzido pela filha, Patsy Lynn Russell, e por John Carter Cash.

Lynn é a mulher que mais prémios recebeu na história da música country: ao todo, entre outras distinções, venceu três Grammys, sete American Music Awards, oito prémios da Broadcast Music Incorporated, 13 prémios da Academy of Country Music e oito prémios da Country Music Association.

A cantora teve ainda a honra de receber a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior distinção que se pode conceder a um civil nos EUA. O acontecimento ocorreu em 2013, recebendo tal louvor da parte de Barack Obama.

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