Julião Sarmento morreu esta terça-feira aos 72 anos na Fundação Champalimaud, em Lisboa, confirmou o semanário Expresso junto de fonte familiar. Também o jornal Público e agência Lusa confirmaram a morte do artista plástico junto da sua galerista, Cristina Guerra.
Nascido em 1948, em Lisboa, Julião Sarmento vivia e trabalhava no Estoril, sendo que para a sua obra utilizava uma grande variedade de meios, incluindo vídeo, som, pintura, escultura e instalação.
Os temas que trabalhava foram muitas vezes influenciados pela literatura e o cinema, e circulando pelas relações pessoais, psicologia, sensualidade, 'voyeurismo' e transgressão.
O seu trabalho foi exibido amplamente em exposições individuais e coletivas um pouco por todo mundo nas últimas cinco décadas, tendo representado Portugal na 46.ª Bienal de Arte de Veneza (1997), e também nas feiras de arte contemporânea Documenta 7 (1982), Documenta 8 (1987) e na Bienal de São Paulo (2002) —tendo ainda sido alvo de uma exposição pela Tate Modern, em Londres, em 2011.
Em 2012, o Museu de Serralves, no Porto, organizou a mais completa retrospetiva até hoje realizada do seu trabalho, uma obra que mereceu também o reconhecimento com a atribuição do Prémio da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA).
No ano passado lançou um livro, “Café Bissau”, uma obra com 98 imagens, a preto e branco e a cor, digitais e analógicas, captadas entre 1964 e 2017.
O seu trabalho está representado em coleções públicas e privadas na América do Norte e do Sul, na Europa e no Japão.
A Galeria Cristina Guerra divulgou também um comunicado, no qual confirmou a morte do artista, "com enorme tristeza", apontando-o como uma "figura central da arte portuguesa desde os anos 1970".
Julião Sarmento "foi o primeiro artista da sua geração a alcançar um amplo reconhecimento internacional, expondo em inúmeros museus e eventos de prestígio", e "afirmou-se como um dos grandes interpretes e pensadores no contexto da arte, e a sua vida e obra refletem uma dedicação total ao meio artístico e à arte contemporânea", sublinha a galeria.
No seu trabalho, combinava vários suportes, desde a pintura, a fotografia, o desenho, o vídeo, o som e a performance.
"Possuidor de uma obra abrangente, cobrindo um vasto leque de meios, dotado de uma grande erudição e de uma capacidade de incluir uma amplitude de referências culturais, desde as mais populares às mais eruditas tendências contemporâneas da literatura, filosofia e cinema", recorda a galeria, no texto.
Julião Sarmento "pugnou durante toda a sua longa carreira, por apresentar ao público um trabalho de cariz experimental, com um desejo profundo de reflexão sobre o seu tempo”.
“Dotado de uma invulgar capacidade de estabelecer amizades duradouras no mundo da arte internacional, afirmou-se desde cedo, como grande embaixador do meio artístico nacional junto da comunidade internacional, sendo inúmeros os artistas, curadores, colecionadores e galerias em Portugal e no estrangeiro que beneficiaram da sua generosa amizade e dedicação", sublinha a Galeria Cristina Guerra, que o representava.
A galeria acrescenta ainda que o desaparecimento do artista "deixa uma enorme dor e vazio" no meio cultural.
Várias vezes distinguido, Julião Sarmento recebeu a Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em 1994, a Medalha de Prata de Mérito Municipal, de Sintra, em 1997, o Prémio Universidade de Coimbra, em 2009, bem como o prémio de Artes Plásticas da Associação Internacional de Críticos de Arte – Secção Portuguesa, em 2012, e o Prémio de Artes Casino da Póvoa, em 2013, segundo a lista de prémios que consta do ‘site’ do artista.
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