A reorganização anunciada para museus e monumentos em junho teve forte contestação no distrito de Bragança, com os autarcas dos dois concelhos transmontanos a rejeitaram a transferência destas competências.

O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, apresentou nessa altura a criação de duas novas entidades, a entrar em funções no início do próximo ano.

Uma delas é a Museus e Monumentos de Portugal, “uma entidade pública empresarial responsável pela gestão dos museus, monumentos e palácios nacionais”, pode ler-se na página oficial da internet do ministério.

Foi ainda criado o instituto público chamado Património Cultural, “que tem como objetivo a salvaguarda, investigação, valorização e divulgação do património imóvel e imaterial”, explica-se na mesma nota.

Em resposta às questões colocadas via correio eletrónico, o Ministério da Cultura detalhou à Lusa que o Museu do Abade de Baçal (Bragança) e o Museu da Terra de Miranda (Miranda do Douro), ficam a partir de 1 de janeiro sob gestão da Museus e Monumentos de Portugal.

Já a Domus Municipalis e o castelo da cidade de Bragança passam na mesma data para o Património Cultural.

Contactado pela Lusa, o presidente da câmara municipal de Bragança, Hernâni Dias, mostrou-se satisfeito.

“Era a solução que defendíamos. (…) A vitória é sempre aquela que faz com que o nosso território não seja desvalorizado”, afirmou o autarca.

“Defendemos os interesses do nosso concelho, do nosso distrito e da nossa região. (…) E quando sentimos que há propostas que vão contrariar essa intenção, obviamente que lutamos contra elas”, disse ainda Hernâni Dias.

A posição é acompanhada por Helena Barril, autarca de Miranda do Douro.

“Estamos muito satisfeitos com esta decisão por parte do Governo. Faz, sobretudo, justiça a esta zona do país. Valeu a pena toda a nossa união em torno desta causa. É um reconhecimento para as entidades e para o Museu Terra de Miranda (…), declarou a presidente.

Para Jorge da Costa, diretor do Museu Abade de Baçal, o anúncio também foi “uma grande alegria”.

“São dois espaços culturais emblemáticos [o museu e a Domus Municipalis] e desta importância nacional. Garantirá a continuidade de todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido”.

A Lusa tentou uma reação da diretoria do Museu Terra de Miranda, mas sem sucesso.

Após o anúncio desta intenção, várias foram as manifestações contra na região. Além das autarquias e das direções dos equipamentos culturais em causa, outras vozes discordantes se juntaram, como a Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes ou o Movimento Cultura da Terra de Miranda, que se mostraram descontentes com a passagem, que não chegou a acontecer, da gestão para os municípios, que consideraram uma desqualificação do património.