O tema das declarações de Gouveia e Melo ("Se a Europa for atacada, e a NATO nos exigir, vamos morrer onde tivermos de morrer para a defender") foi trazido a debate pelo moderador Carlos Daniel. Bugalho começa por expressar o seu "respeito", mas parte para dizer que “afirmações sobre o futuro dos jovens portugueses, numa democracia, devem ser feitos por democratas eleitos por portugueses e não pelo chefe Maior da Armada”. Marta Temido não está longe, está mesmo bastante perto de Bugalho: “A ideia de envio de tropas para o terreno é admitir a escalada do que se passa para uma eventual guerra mundial, pelo que é preciso haver grande prudência quando se fazem essas análises”, diz a candidata socialista.
O debate, aliás, foi marcado pelas discussões à parte que os dois iam tendo. Bugalho muito mais calmo, interpelava uma Temido muito mais preparada. Contudo, ainda não foi desta que a cabeça de lista socialista se conseguiu destacar perante um cabeça de lista social democrata mais ponderado e controlado.
Mas voltando, às tropas no terreno. Tânger Correa desconversa, diz que não há tropa para enviar para o terreno porque as forças armadas foram desmanteladas por falta de investimento. E aproveita para voltar ao tema onde tem sido mais consistente, a necessidade de investimento na defesa. Que “pode ser uma PPP, ou várias em que os privados fazem parte do negócio, e o Estado controla fabrico e distribuição”.
Já João Oliveira, quis “destoar deste coro de militarismo”, mas não esteve muito afinado com ideias práticas. O comunista quer paz e acusa Gouveia e Melo, e a Europa, de criarem um “ambiente de preparação para a guerra”. O já habitual foco no cessar-fogo imediato faz com que Bugalho acusasse Oliveira: “A paz que a CDU quer é a vitória da Rússia”. Temido junta-se às críticas: “O caminho para a paz todos queremos mas a posição do PCP nesta matéria é indefensável".
Caminho para paz, de facto todos querem, a forma de lá chegar é que é diferente ou desconhecida. Bugalho e Temido alinham num bloco central que defende o apoio à Ucrânia e um cenário onde tem que ser este país a definir as suas condições para a paz. Já Tânger Corrêa defende que as condições da paz devem ser impostas pela Ucrânia, mas negociadas com a Rússia. Na defesa de exemplos de quem procura a paz, João Oliveira cita Papa Francisco, o Brasil e África do Sul, sem conseguir explicar o que levaria Putin a aceitar a paz que Oliveira idealiza para a Europa.
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