A ação de protesto na National Gallery, em Londres, em outubro de 2022, não provou danos na famosa pintura, apenas na moldura. Mas espera-se que Phoebe Plummer e Anna Holland sejam condenadas a uma pena de prisão na sexta-feira.
Segundo o The Guardian, o juiz Christopher Hehir, que há meses condenou um grupo de ativistas da Just Stop Oil a penas de vários anos por causa de uma campanha para perturbar o trânsito, já avisou as responsáveis para estarem "preparadas, em termos práticos e emocionais, para irem para a prisão".
Contudo, artistas como Fiona Banner, Peter Kennard e Love Ssega, a atriz Juliet Stevenson e académicos das universidades de Essex, Goldsmiths, Queen Mary, Nova Iorque e Copenhaga afirmaram que o ato das ativistas está de acordo com o "espírito das artes" e que, por isso, não devem ser condenadas.
"Como artistas, trabalhadores e historiadores de arte, estamos preocupados com o facto de os tribunais defenderem uma falsa noção de pureza artística nos seus julgamentos e sentenças", referem numa carta coordenada pela Greenpeace UK, o grupo de campanha ambiental, e pelo Liberate Tate, que faz campanha contra o envolvimento da indústria dos combustíveis fósseis nas artes.
"A arte pode ser, e frequentemente é, iconoclastia. Estas ativistas não devem ser condenados a penas privativas de liberdade por um ato que se liga inteiramente ao cânone artístico", afirmam ainda. "O protesto de Plummer e Holland pode ter sido uma homenagem à história da arte ao usar a sopa Campbell's em vez da Heinz".
Por isso, o grupo dirige-se ao juiz e pede para que o destino das ativistas seja diferente. "No dia 27 de setembro, o juiz Hehir deveria abster-se de punir Plummer e Holland com penas privativas de liberdade por defenderem uma tradição secular de apelo à nossa consciência social através da arte".
"Esperamos sinceramente que o juiz ouça atentamente os argumentos dos artistas. Precisamos de parar de prender manifestantes pacíficos nas nossas prisões sobrelotadas simplesmente por darem o alarme sobre um planeta em chamas", frisa Areeba Hamid, co-diretor executivo da Greenpeace UK.
"A reação inicial à sopa lançada irá, sem dúvida, mudar à medida que, enquanto sociedade, formos compreendendo a ameaça que as alterações climáticas representam para o nosso modo de vida. O ato de Phoebe e Anna será visto como o protesto poético que é, sem dúvida, indigno de uma pena de prisão", reforçou Darren Sutton, do Liberate Tate.
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