"O que o capitalismo tem a esperar não é o consenso e a harmonia das classes exploradas e exploradoras, mas a luta dos trabalhadores, dos povos e das nações, e a chegada de novas explosões revolucionárias para lhe pôr fim", afirmou Jerónimo de Sousa, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
No entanto, sustentou que "não há 'modelos' de revoluções, nem 'modelos' de socialismo, como sempre o PCP defendeu", e referindo-se a Portugal acrescentou: "A sociedade socialista que o PCP aponta ao nosso povo passa pela etapa que caracterizámos de uma democracia avançada".
Jerónimo de Sousa falava na abertura do seminário "Socialismo, exigência da atualidade e do futuro", organizado pelo PCP, no âmbito das comemorações do centenário da Revolução de Outubro na Rússia.
Num discurso de cerca de quinze minutos, perante um auditório cheio, o secretário-geral do PCP declarou: "Sim, a Revolução de Outubro continua a anunciar que outro mundo é possível - como ficará patente, estamos certos, no decorrer dos trabalhos deste seminário".
"E não será o facto de o empreendimento da construção da nova sociedade - a sociedade socialista - se ter revelado mais difícil, mais complexa e mais acidentada do que nós, comunistas, prevíamos, que pode pôr em causa a sua justeza e a sua necessidade", disse.
O secretário-geral do PCP considerou que as "derrotas do socialismo na URSS e noutros países socialistas" tiveram "dramáticas consequências para os trabalhadores e os povos" e para "a paz no mundo", e apontou-as como "um recuo histórico que comprova a importância dos objetivos da Revolução de Outubro e do socialismo como necessidade e exigência da atualidade e do futuro".
O socialismo, "ao contrário do que anuncia a propaganda do imperialismo e a ideologia burguesa, permanece com todo o seu potencial de realização no horizonte da luta dos trabalhadores e dos povos", defendeu.
Segundo Jerónimo de Sousa, está demonstrado que "falsas são as teses que ditavam o 'fim da história'", e assiste-se a uma "crise estrutural do capitalismo", que intensificou a exploração do trabalho e aprofundou das desigualdades.
"Por mais que o neguem, a luta de classes continua a ser o motor da história", prosseguiu.
Sem dar exemplos, o secretário-geral do PCP falou em "deformações, erros e desvios" no ideal e projeto comunista, alegando que foram aproveitados pela "persistente ofensiva ideológica anticomunista e antissoviética" que falsamente contrapõe "o socialismo e a democracia".
Quanto à "atualidade do socialismo", sustentou que "exige ter em conta uma grande diversidade de soluções, etapas e fases da luta revolucionária" e que "não há 'modelos' de revoluções, nem 'modelos' de socialismo".
Sobre o caso português, descreveu a "democracia avançada" defendida pelo PCP como um projeto "do interesse de todos os trabalhadores e do conjunto de todas as camadas sociais antimonopolistas, cuja definição básica assenta na conceção de que a democracia é simultaneamente política, económica, social e cultural", acrescentando: "É igualmente indissociável da luta que hoje travamos pela concretização da rutura com a política de direita".
"Enriquecidos com a experiência da primeira Revolução Socialista vitoriosa e a demonstração prática da superioridade da nova sociedade, é com a profunda convicção de que o socialismo e o comunismo são o futuro da humanidade que continuamos a nossa luta", concluiu.
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