O presidente da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente comentava os dados divulgados no relatório de monitorização da Entidade Reguladora da Saúde, segundo os quais se registaram 738 óbitos fetais e neonatais (até 28 dias de vida), contra 312 em 2023 e 426 em 2023.
Segundo a ERS, o rácio de óbitos por nascimento foi de 0,46% em Portugal continental, tendo sido mais elevado em Lisboa e Vale do Tejo (0,52%) e no Norte (0,42%).
Questionado sobre estes dados na conferência de imprensa de apresentação do Plano de Reorganização para as Urgências de Obstetrícia/Ginecologia e Pediatria, Caldas Afonso disse encontrar “duas explicações no imediato”.
“Uma é que nos grandes centros, como é o caso de Lisboa e do Porto, todas as gravidezes de alto risco, de grandes comorbilidades, vão para os hospitais centrais”, apontou.
Segundo Caldas Afonso, estas gravidezes estão associadas a partos de alto risco e a uma taxa de mortalidade superior.
A segunda explicação prende-se com “um fenómeno recente” em Portugal, com dois ou três anos, relacionado com gravidezes de mulheres estrangeiras sem vigilância, disse.
“Neste momento, temos 22% de nascimentos de filhos de mães não portuguesas. Muitas delas entram no bloco de parto sem termos qualquer conhecimento da história obstétrica daquelas senhoras e, portanto, eu imagino que aí está uma parte significativa deste número” divulgado pela ERS, afirmou Caldas Afonso.
Apesar de ter apontado estas explicações, o especialista ressalvou que, quando há uma morte, deve avaliar-se a situação para perceber o que aconteceu.
“Se queremos ser sérios, se queremos ser rigorosos, eu tenho que conhecer (…) primeiro a causa de morte, para depois poder de facto perceber de uma maneira correta, cientificamente validada as razões”, sublinhou Caldas Afonso.
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