“Ontem [domingo] à noite resgatamos 70 pessoas que viajavam em dois barcos em perigo. Agora estão todas seguras a bordo do [navio] ‘Sea-Watch 5′”, anunciou a organização não-governamental (ONG) na rede social X (antigo Twitter).
“As autoridades italianas designaram Reggio Calabria como porto de desembarque, mas demoraríamos quatro dias para lá chegar”, lamentou a organização.
E apelou: “Neste momento, as ondas de quatro metros estão a bloquear a rota para norte e não é seguro continuar. A nossa prioridade é a segurança das pessoas a bordo e, enquanto procuramos abrigo perto de Lampedusa, pedimos às autoridades que atribuam um porto de desembarque mais próximo”.
No ano passado, o Governo italiano, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, instituiu a prática de enviar navios de resgate humanitário que operam no Mediterrâneo Central para portos distantes da área de busca e salvamento, aparentemente para aliviar a pressão sobre os portos e instalações de acolhimento sicilianos.
No entanto, a medida, combinada com uma nova proibição de realizar resgates múltiplos, faz com que os navios das ONG fiquem frequentemente afastados da área de busca e salvamento durante longos períodos e acabem por fazer muito menos resgates do que poderiam.
O Mediterrâneo Central é uma das rotas migratórias mais mortais do mundo, partindo da Líbia, Argélia e da Tunísia em direção à Europa, nomeadamente aos territórios italiano e maltês.
De acordo com dados da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira — Frontex -, esta rota registou, nos nove primeiros meses de 2023, a entrada na Europa de 131.630 pessoas, o que representa um aumento de 83% face ao mesmo período do ano passado.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 17 mil pessoas morreram ou desapareceram nos últimos nove anos no Mediterrâneo Central, enquanto a rota ocidental fez 2.300 mortos e a oriental cerca de 1.700.
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