A Agência das Nações Unidas para os Refugiados sublinhou hoje em Genebra que na província de Kivu do Sul na RDCongo, uma das regiões mais afetadas pela variante de varíola, foram identificados, pelo menos, 42 casos suspeitos entre a população de refugiados, tendo igualmente sido registados casos – confirmados e suspeitos – entre as populações de refugiados noutras zonas do país, assim como no Ruanda.
Os casos suspeitos estão a ser notificados em províncias afetadas por conflitos, que acolhem a maioria dos 7,3 milhões de pessoas deslocadas internamente na RDCongo, país que faz fronteira com Angola.
“Nestas zonas, o vírus ameaça exacerbar uma situação já impossível para uma população devastada por décadas de conflito, deslocações forçadas, violações terríveis dos direitos humanos e falta de assistência internacional”, sublinhou Allen Maina, chefe de Saúde Pública do ACNUR, citado num comunicado divulgado pela agência da ONU.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), há mais de 18.000 casos suspeitos e 615 mortes até à data na RDCongo, e mais de 220 casos da nova estirpe de varíola em países vizinhos.
O ACNUR informou ter recebido até agora apenas 37% dos 250 milhões de dólares (224 milhões de euros) necessários para satisfazer as necessidades urgentes das pessoas deslocadas na RDCongo em 2024, sendo as atividades de saúde uma das três partes menos financiadas do plano.
“A solidariedade internacional é urgentemente necessária para alargar os serviços de saúde, os centros de isolamento, os abrigos humanitários, o acesso à água e ao sabão para as pessoas forçadas a fugir”, reforçou Maina.
“Nas zonas de conflito, a paz é desesperadamente necessária para garantir uma resposta sustentável, que permita travar a propagação da doença”, acrescentou.
A mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, é uma doença viral que se propaga dos animais para os seres humanos, mas também pode ser transmitida entre pessoas através do contacto físico. Provoca febre, dores musculares e lesões cutâneas.
O ressurgimento desta estirpe em África, que está a ter um grande impacto na RDCongo, bem como no Burundi, Quénia, Ruanda e Uganda, levou a OMS a ativar o nível de alerta internacional mais elevado em 14 de agosto.
A OMS informou hoje precisar de 87,4 milhões de dólares (78,3 milhões de euros) ao longo de seis meses, de setembro de 2024 a fevereiro de 2025, para trabalhar com os países afetados, parceiros e outras partes interessadas para travar e conter o atual surto.
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