"A sua busca por justiça, democracia e Estado de direito, Edmundo González Urrutia e María Corina Machado defendem destemidamente os valores que milhões de venezuelanos e o Parlamento Europeu tanto apreciam. Este prémio não apenas reconhece, mas também lembra que a luta pela liberdade nunca é em vão. O futuro da Venezuela pertence ao seu povo e o Parlamento Europeu está orgulhosamente ao seu lado", referiu hoje a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.

María Corina Machado, representada na cerimónia pela sua filha Ana Corina Sosa, foi eleita candidata da oposição à Presidência da Venezuela pela Plataforma Unitária Democrática em 2023, antes de ser desqualificada pelo Conselho Nacional Eleitoral controlado pelo Governo.

Na sua intervenção por vídeochamada, María Corina Machado denunciou que "durante um quarto de século tentaram dividir-nos, enfraquecer-nos e subjugar-nos (...). Pregando o ódio, tentaram colocar-nos uns contra os outros, pessoas contra pessoas, dividir-nos entre ricos e pobres, entre a esquerda e a direita, entre brancos e negros, entre os que partem e os que ficam, e também pelas nossas crenças religiosas".

Edmundo González Urrutia, diplomata e político que sucedeu a María Corina Machado como principal candidato da oposição após a sua desqualificação, denunciou a não publicação dos resultados oficiais das eleições presidenciais de julho de 2024 e contestou a vitória declarada de Nicolás Maduro. Edmundo González Urrutia deixou a Venezuela em setembro de 2024, na sequência da emissão de um mandado de detenção contra si, tendo encontrado refúgio em Espanha.

Na cerimónia, Edmundo González Urrutia também falou sobre a situação da Venezuela. "Mais cedo ou mais tarde, o nosso país tomará uma direção determinada pelo nosso povo. Os abusos e a violência destes dias são apenas uma tentativa desajeitada de adiar o que é inevitável".

"Nenhum governo baseado na violência é estável", acrescentou Edmundo González Urrutia, sublinhando o facto de os venezuelanos, incluindo os partidários e antigos partidários do regime, "quererem avançar no caminho da liberdade, da democracia e da compreensão entre todos nós".

O presidente eleito da Venezuela afirmou ainda que o Prémio Sakharov reforça o seu empenho no diálogo e simboliza a unidade dos democratas em todo o mundo que "hoje, mais do que nunca, precisam uns dos outros".