Considerando a situação “calamitosa”, numa nota de imprensa divulgada hoje, a OE adianta que desde 15 de outubro, altura em que a SRCentro visitou o Serviço de Urgência do Hospital de Santo André, em Leiria, já foram rececionados mais de 600 pedidos de escusa de responsabilidade por parte dos enfermeiros deste serviço.
“A situação acaba de se agravar com o pedido de baixa apresentado pelo diretor do serviço, Cláudio Quintaneiro, deixando escalas médicas de clínico geral com turnos a descoberto. Em sua substituição encontra-se, desde o dia 04 de novembro, Salvato Feijó, diretor clínico do Centro Hospitalar de Leiria”.
A OE revela ainda que, segundo informações que foram enviadas à SRCentro, “os médicos das restantes especialidades não querem assumir estes doentes”, o que leva a que um utente “espere pela primeira observação clínica mais de 15 horas”.
“Sabemos que muitos doentes abandonam as longas filas de espera, enquanto outros aguardam pelo dia seguinte para serem observados”, denuncia o presidente do Conselho Diretivo da SRCentro, Ricardo Correia de Matos, citado na nota de imprensa.
O responsável considera “imperativo que o Governo tenha conhecimento desta calamidade e que aja rapidamente para que vidas humanas não se percam”.
“Estamos a falar da perda de direitos elementares dos cidadãos, como o acesso e a prestação de cuidados de saúde adequados, com segurança e qualidade”, acrescenta o presidente do Conselho Diretivo da SRCentro.
Ricardo Correia de Matos apela “a que os enfermeiros se continuem a defender, apresentando diariamente escusas de responsabilidade para, compreensivelmente, se protegerem durante o exercício das suas funções”.
A SRCentro informa que, desde janeiro de 2021, foram também recebidos mais de 80 pedidos de exclusão de enfermeiros do Centro Hospitalar do Oeste, “16 deles só na última semana e, na sua maioria, dos serviços da Unidade de Caldas da Rainha”, no distrito de Leiria.
Mais recentemente, foram recebidas escusas do Serviço de Urgência do polo Hospitais da Universidade de Coimbra do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
“O défice de dotações seguras é transversal a grande parte das unidades hospitalares do país. Não podemos permitir que o Estado feche os olhos e continue a ignorar este problema, mesmo que a sua ação esteja agora limitada no tempo. Mais do que promessas eleitorais, precisamos de soluções reais”, conclui Ricardo Correia de Matos.
Comentários