Carlos Cortes, que falava após uma reunião com os diretores clínicos e a administração do CHL, revelou que “existe um défice de recursos humanos médicos gravíssimo, de mais de 50 médicos especialistas, tendo em conta que o hospital tem à volta de 269 médicos especialistas”.
“Não obstante os esforços que têm sido desenvolvidos para resolver esta situação, de facto não se fazem milagres”, salientou, ao referir que a “falta de recursos humanos médicos” “já tem muito anos” e a Ordem dos Médicos “já teve oportunidade de chamar a atenção do Ministério da Saúde” para o problema.
Segundo o médico, “se a ministra da Saúde não vier a este hospital para tentar perceber as dificuldades que este hospital está a atravessar e não resolver rapidamente esta falta de recursos humanos" espera "o pior”.
Para Carlos Cortes, a falta de recursos médicos em Leiria é um “exemplo paradigmático” do que sucede “em todo o Serviço Nacional de Saúde” (SNS), que “está a atravessar, neste momento, uma crise muito grande, nomeadamente na resposta urgente aos doentes”.
O presidente da Ordem dos Médicos do Centro acrescentou que o hospital de Leiria “tem uma população muito envelhecida, que necessita de recorrer muitas vezes ao serviço de urgência, porque vê o seu problema agravado” e alertou ainda para o período de frio que se aproxima e com ele “muitas pessoas vão descompensar das suas patologias e vão necessitar do serviço de urgência”.
“Se nada for feito pelo Ministério da Saúde, o hospital de Leiria terá muitas dificuldades em dar uma resposta adequada, de qualidade e com segurança aos doentes que se dirigem à sua urgência”, sublinhou, referindo que o CHL integra ainda os hospitais de Alcobaça e de Pombal, mas é a urgência de Leiria a que mais problemas evidencia.
O médico explicou que o Hospital de Santo André, em Leiria, “tem a urgência mais centralizada, que recebe os casos mais diferenciados”.
“Diariamente recorrem a esta urgência à volta de 350 utentes. É um impacto muito grande para o número de especialistas que temos na urgência. Por vezes, na escala da urgência, na Ortopedia não há médicos escalados. Tem havido situações em que há um único ortopedista. Há uma enorme dificuldade em ter escalas com um número adequados de cirurgiões, aliás, nunca têm”, revelou ainda.
Carlos Cortes alertou ainda que os profissionais das urgências atendem ainda “todos os doentes que estão internados”, o que provoca “uma sobrecarga de trabalho, que é impossível de aguentar a qualquer pessoa nos próximos meses”.
Confrontado com o facto de se abrirem concursos para a contratação de médicos, mas os lugares não ficarem todos preenchidos, o dirigente pediu à ministra da Saúde “para que seja honesta e transparente na avaliação que faz de alguns hospitais que têm dificuldades”, pois “sabe muito bem como é que tem de fazer para se poderem contratar mais médicos para este hospital”.
O médico disse que o conselho de administração do CHL reconheceu que “existe um problema” e que mostrou “toda a disponibilidade para resolvê-lo”, mas considerou que a “solução mais importante está nas mãos da senhora ministra”.
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