O relatório, apresentado no Rio de Janeiro, no Brasil, refere que muitos governos têm alcançado “progressos muito significativos” na luta contra o tabaco, com cinco mil milhões de pessoas a viverem atualmente em países, como Portugal, que introduziram medidas de controlo, embalagens com imagens chocantes de advertência sanitária e outras medidas eficazes contra o consumo, o que representa quatro vezes mais pessoas do que há uma década.

Contudo, o documento alerta que muitos países ainda não estão a aplicar adequadamente políticas para salvar vidas, incluindo a ajuda às pessoas que querem deixar de fumar.

Este sétimo relatório da OMS sobre a epidemia mundial do tabaco analisa os esforços dos países para aplicarem as medidas mais eficazes da Convenção-Quadro para o Controlo do Tabaco, que “comprovadamente reduzem o consumo”, medidas que “salvam vidas e reduzem custos” na área da saúde.

Entre essas medidas estão a monitorização do uso do tabaco e políticas de prevenção, proteger a população contra o fumo dos cigarros, disponibilizar ações para deixar o consumo, advertir para os perigos do tabaco, fazer cumprir as proibições sobre publicidade, promoção e patrocínio e aumentar os impostos sobre este produto.

O relatório adverte que os serviços médicos de apoio para deixar o consumo devem ser reforçados na maioria dos países, tendo Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, sublinhado que “os governos devem criar serviços para cessação do tabagismo como parte dos esforços para garantir a cobertura universal aos seus cidadãos”.

“Abandonar o tabaco é uma das melhores coisas que qualquer pessoa pode fazer pela sua própria saúde”, disse, acrescentando que o programa “MPOWER”, da OMS, “fornece aos governos as ferramentas práticas para ajudar as pessoas a abandonarem o hábito e viverem vidas mais longas e saudáveis”.

O relatório sublinha que “houve progressos no mundo” nesta área, com 2,4 mil milhões de pessoas em países que atualmente oferecem serviços completos de cessação do tabagismo, mais dois mil milhões do que e em 2007).

Porém, segundo o documento, apenas 23 países oferecem esses serviços de cessação no nível das melhores práticas, fazendo da medida MPOWER a mais sub-implementada em termos de número de países que oferecem cobertura total.

Entre os serviços disponibilizados por aqueles países, destacam-se linhas de apoio telefónico nacionais, serviços de “cessação móvel” para atingir um maior número de pessoas através de telemóveis, aconselhamento por prestadores de serviços de atenção primária e terapias gratuitas de substituição da nicotina.

O relatório, financiado pela Bloomberg Philanthropies, revela que, embora apenas 23 países tenham implementado políticas de apoio à cessação do tabagismo ao mais alto nível, existem outros 116 que oferecem serviços total ou parcialmente subsidiados em algumas ou na maioria das unidades de saúde e mais 32 que oferecem serviços mas não cobrem os custos, “demonstrando um elevado nível de procura de ajuda para parar de fumar por parte da população”.

O documento aponta que o consumo de tabaco diminuiu na maioria dos países, “mas o crescimento demográfico demonstra que o consumo continua elevado”, estimando-se que atualmente existam 1,1 mil milhões de fumadores, com cerca de 80% deles a viverem em países de baixo ou médio rendimento.

Em comparação com os dados do anterior relatório, publicado em 2017, este mostra que o nível económico “não é um obstáculo à luta contra o tabagismo ao nível das melhores práticas”.

Há novos países que implementaram, desde o último relatório, algumas das medidas ao nível das melhores práticas, como sejam Antígua e Barbados, Benim, Burundi, Gâmbia, Guiana e Tajiquistão adotando legislação completa contra o uso do tabaco em todos os lugares públicos fechados e locais de trabalho.

A República Checa, a Arábia Saudita, a Eslováquia e a Suécia avançaram para o nível das melhores práticas com serviços de cessação do tabagismo, mas durante o mesmo período seis outros países, entre eles Portugal, desceram do grupo com o nível mais alto, o que resultou numa perda líquida de dois países.

Barbados, Camarões, Croácia, Chipre, Geórgia, Guiana, Honduras, Luxemburgo, Paquistão, Arábia Saudita, Eslovénia, Espanha e Timor-Leste) adotaram a política de embalagens com imagens chocantes de advertência sanitária.

Antígua e Barbados, Azerbaijão, Benim, Congo, República Democrática do Congo, Gâmbia, Guiana, Arábia Saudita e Eslovénia introduziram uma política de proibição total à publicidade, promoção e patrocínio do tabaco e Portugal, Andorra, Austrália, Brasil, Colômbia, Egito, Ilha Maurícia, Montenegro, Nova Zelândia, Macedónia e Tailândia aumentaram impostos sobre o tabaco, conclui o relatório.