Destas salinas na ilha do Maio já foram extraídas, de forma tradicional, muitas toneladas de sal, produto que há séculos colocou a ilha no mapa dos comerciantes, interessados num negócio que já foi bem mais lucrativo do que atualmente.
Conscientes da necessidade de inovar a comercialização do sal, produto com relevância na economia local, sete mulheres de uma cooperativa foram desafiadas a receber formação para a extração da flor de sal, uma parte nobre do sal, muito mais saudável, e já apelidada de “ouro branco” da cozinha.
Rodeadas de sal por todos os lados, numa ilha em cujas águas ainda moram navios britânicos naufragados que ali se iam abastecer do produto, as mulheres aceitaram o desafio e receberam uma formação do Ministério da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde, como disse à agência Lusa a engenheira agrónoma Cândida Cardoso, da direção de serviço de extensão rural e economia agrária deste ministério.
A flor de sal é a camada superior das salinas que tem de ser retirada antes de se depositar e formar o sal comum.
É uma camada muito fina, brilhante, e que se apresenta semelhante a uma crosta de gelo, mas, como é formada pela evaporação da água, tem as melhores partículas do sal.
Para ser retirada, a flor de sal exige um trabalho muito cuidadoso, dada a sua forma delicada. Um simples vento mais forte ou a humidade pode destruí-la.
Foram estas indicações que as formadoras foram transmitir às mulheres das salinas do Maio, que agora se preparam para colocar nas mesas de Cabo Verde, e não só, um produto que, pelas especificidades na produção, é muito mais caro que o sal vulgar.
“É um produto ‘gourmet’. Os grandes cozinheiros só utilizam flor de sal. É muito requintado e mais saudável”, afirmou Cândida Cardoso.
Na sua composição, a flor de sal tem zinco e ferro, nutrientes que podem ajudar a prevenir e a tratar algumas doenças, ao contrário do sal comummente utilizado que, devido ao processo de refinamento por que passa, mantém uma quantidade de sódio que pode ser prejudicial à saúde, contribuindo para patologias como a hipertensão, doenças cardiovasculares, problemas renais, entre outros.
A expetativa da cooperativa é difundir em força o produto no mercado a partir de 2019, tendo em conta que a sua extração só se realiza nos meses de abril, maio e junho e que o ano atual foi dedicado à formação.
Cândida Cardoso sublinhou a importância da venda deste produto, a qual reverte para a cooperativa e, logo, para as mulheres que trabalham na sua produção, melhorando assim as suas condições de vida.
No Dia Mundial da Alimentação, que se assinalou na terça-feira, a flor de sal “made in” Cabo Verde foi um dos artigos em destaque na feira de produtos saudáveis na cidade da Praia, junto ao local onde se realizaram as cerimónias oficiais da efeméride e, por isso, visitada por vários elementos do Governo e personalidades ligadas ao tema.
Na ilha do Maio vivem cerca de 6.800 pessoas, as quais representam 1,3% da população cabo-verdiana.
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