Pacheco de Amorim conseguiu 35 votos favoráveis e Cotrim Figueiredo 108, aquém dos 116 votos necessários para obterem a maioria absoluta e serem eleitos.
O partido liderado por André Ventura, tal como já tinha anunciado, apresentou como nome alternativo ao de Pacheco Amorim o de Gabriel Mithá Ribeiro, que numa segunda ronda, esta tarde, também não foi eleito. Já a Iniciativa Liberal decidiu retirar-se da eleição, não apresentando qualquer nome.
Na segunda votação, o deputado do Chega obteve 37 votos a favor, 177 brancos e 11 nulos.
No final do segundo ‘chumbo’, o presidente do Chega e deputado André Ventura transmitiu em plenário um “sentimento de profunda indignidade e injustiça” pelo resultado de hoje, falando em “maiorias de bloqueio parlamentar”.
Tal como tinha sido acordado em conferência de líderes, Ventura adiantou que o Chega não irá apresentar hoje nenhuma outra candidatura, “reservando-se para o fazer quando entender apropriado”, tendo o partido convocado de imediato uma conferência de imprensa para depois do plenário.
Adão Silva, do PSD, e Edite Estrela, do PS, foram eleitos para a vice-presidência.
Os resultados para as vice-presidências do parlamento foram comunicados pela secretária da Assembleia da República, a deputada do PS Maria da Luz Rosinha.
Edite Estrela, deputada do PS eleita pelo círculo de Lisboa, que foi reconduzida no cargo de vice-presidente da Assembleia da República, obtendo em 224 deputados votantes, 159 votos a favor, 59 brancos e seis nulos.
Adão Silva, deputado do PSD eleito pelo círculo de Bragança, alcançou uma votação muito expressiva, que foi saudada com uma salva de palmas por parte de deputados de várias bancadas. O líder parlamentar cessante social-democrata obteve 190 favor, apenas 28 brancos e seis nulos.
João Cotrim Figueiredo desvaloriza chumbo
Em declarações aos jornalistas depois de conhecidos estes resultados, João Cotrim Figueiredo fez questão de desdramatizar o chumbo do seu nome, explicando que a opção de não reapresentar qualquer nome para a segunda votação se prendeu com o facto de “quem não tem confiança à primeira não terá certamente à segunda”.
O presidente liberal quis também “tranquilizar aqueles que votaram na IL” já que o cargo de vice-presidente do parlamento “era uma função com relevo institucional, mas não tem importância política” para o projeto do partido, não representando por isso “um retrocesso”.
“Dá-nos mais força para perceber que vamos ter uma Assembleia da República com uma mesa composta exclusivamente pelos partidos de sempre e pelos grandes partidos que parecem não quererem ver que o mundo à sua volta está a mudar e o panorama político à sua volta também está a mudar”, afirmou.
Assumindo como “uma derrota pessoal”, Cotrim Figueiredo respondeu aos jornalistas que “se há outros motivos políticos, mais estratégicos da parte desses partidos grandes para evitar essa eleição” será preciso perguntar a essas mesmas forças políticas.
“Registamos o resultado, os senhores terão possibilidade de saber que partidos tiveram ou não oportunidade de manifestar confiança nesta candidatura. Para nós dá-nos mais força para continuar um trajeto que sabemos parece não agradar aos partidos do sistema”, enfatizou.
Mithá Ribeiro diz que falhou eleição para 'vice' por "questão racial" mas recusa responder se há racismo
“Fui rejeitado num país e num regime que anda há décadas a dizer que combate o racismo”, disse Gabriel Mithá Ribeiro, em conferência de imprensa, nos Passos Perdidos, depois da rejeição do seu nome para vice-presidente da Assembleia da República.
Gabriel Mithá Ribeiro, que falou depois do presidente do partido, André Ventura, disse não poder “deixar de acrescentar neste episódio a questão racial”.
“Isto tem de ter uma interpretação racial”, argumentou.
Gabriel Mithá Ribeiro é conhecido por publicações académicas em que defende que não existe racismo em Portugal, posição que também assume publicamente.
Face às declarações que fez, o deputado foi questionado várias vezes pelos jornalistas sobre se, então, assume que existe racismo em Portugal e se o 'chumbo' para a vice-presidência da Assembleia da República está relacionado com isso.
O deputado não respondeu diretamente a nenhuma das questões.
“Eu digo que o racismo é um fenómeno histórico que, entretanto, foi ultrapassado, mas aqueles que andam a encher o discurso de que o racismo existe, na hora da verdade fazem isto”, disse o deputado.
O deputado, que nasceu em Moçambique, disse também que há uma diferença de tratamento entre as pessoas que pertencem a uma minoria, mas têm orientações políticas diferentes: “Se uma pessoa é negra e é de esquerda é tratada com dignidade ou pelo menos com alguma dignidade. Se uma pessoa é negra e é politicamente neutra tende a ser apagada das instituições. Se uma pessoa é negra e é de direita é tratada, desculpem a força da expressão, como se tratam os pretos”.
Ventura diz que "maioria de bloqueio" impediu eleição
“A lógica de ser uma maioria de bloqueio por parte de PS e PSD, com o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda, levou a esta solução [a rejeição consecutiva dos candidatos apresentados pelo Chega]”, disse André Ventura, nos Passos Perdidos do parlamento, logo após a rejeição do nome do deputado Gabriel Mithá Ribeiro.
O presidente do Chega considerou que “ficou demonstrado, com clareza, que a questão não é o nome” que o partido apresenta.
“Há uma maioria de bloqueio que não quer o Chega na vice-presidência da Assembleia da República”, repetiu, acrescentando que “ficou evidente que qualquer nome” proposto pelo partido seria 'chumbado'.
Ventura advogou que a XV Legislatura “abre com hostilidades claras”, antevendo uma “legislatura de turbulência e de conflitos entre grupos parlamentares”.
(Artigo atualizado às 19:25)
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