A indiferença ou a descrença abundam entre os cidadãos dos dois lados do conflito do Médio Oriente quando questionados sobre quais as opções que hoje se podem abrir na conferência internacional para a paz em Paris.
“Paz? Qual paz? Isso são disparates”, afirma Diya Basis, que trabalha numa empresa de câmbio de dinheiro no centro de Ramala. E acrescenta: “Vejamos as machetes dos jornais de há 20, 10 e três anos e veremos que as informações são as mesmas”.
Também Hanin Zaidan, que trabalha numa organização não governamental na Palestina, não se mostra otimista.
“Todos os processos de paz têm falhado. Israel quer a terra sem os palestinianos e nega-se a aceitar a solução dos dois estados. E de que paz falamos? Aqui enfrentamos diariamente assassinatos, castigos, ocupação”, lamenta, em declarações à repórter da agência EFE.
Os israelitas também não manifestam ilusões perante a conferência de Paris.
Em Bem Yehuda, uma das principais zonas comerciais da zona Oeste de Jerusalém, o gerente de um restaurante afirma com veemência que “não há nenhuma possibilidade de que ocorra algo em Paris”.
“Eles [os palestinianos] não querem a paz”, declara, lembrando que trabalha há 42 anos em Jerusalém, lado a lado com árabes.
Já um jovem agricultor argentino e israelita não culpa os palestinianos pela falta de paz porque acredita que todos a desejam. Contudo, considera que não é uma cimeira de alto nível que vá resolver o problema: “Nada ocorrerá porque os políticos não estão interessados, eles ganham dinheiro com a guerra”.
França acolhe hoje uma conferência internacional para a paz no Médio Oriente, com o objetivo de reiterar o apoio da comunidade internacional à solução de coexistência pacífica de dois Estados, Israel e Palestina.
Na conferência de Paris, que será presidida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e Desenvolvimento Internacional francês, Jean-Marc Ayrault, participam, entre outros, o secretário de Estado norte-americano cessante, John Kerry, e o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, não estando prevista representação de Israel.
Portugal far-se-á representar na reunião, que decorre entre as 10:00 e as 17:30 locais (09:00 e 16:30 de Lisboa), pela secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro.
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