O papa dirigia-se à Pontifícia Academia para a Vida, o conselho para a bioética do Vaticano, elevando o tom das críticas acerca da chamada teoria do género e da ideia de que as pessoas podem escolher o seu sexo.
Quando estava sob o pontificado dos dois anteriores papas, a academia representava a posição dominante e mais dura da Igreja Católica relativamente à ética sexual, moralidade e cultura e a temas mais controversos, como o aborto ou a eutanásia.
No seu pontificado, Francisco renovou a academia para alargar o seu âmbito e melhor refletir a sua visão holística da vida humana e da criação.
Contudo, no seu primeiro encontro com os novos membros, manteve a posição dura contra a teoria do género, notando como a exaltação atual da escolha individual se estende ao género de alguém graças aos avanços tecnológicos.
“Mais do que contrastar interpretações negativas de diferenças sexuais (…) eles querem acabar com essas diferenças, propondo técnicas e práticas que os torna irrelevantes para o desenvolvimento humano e para as relações”, declarou.
Tais práticas, acrescentou, “arriscam desmantelar a fonte de energia que alimenta a aliança entre homens e mulheres e os torna férteis”.
Apesar de Francisco ter defendido fortemente os ensinamentos da Igreja acerca do aborto e de outros assuntos da vida, não os enfatizou tanto como João Paulo II ou o papa Bento XVI.
Em vez disso, procurou alargar a definição da Igreja sobre o que significa ser “pró-vida”, sublinhando, por exemplo, a necessidade de garantir a dignidade e o respeito aos idosos, não colocando o foco apenas nas crianças por nascer.
O líder da academia, Monsenhor Vincenzo Paglia, disse esta semana que “pró-vida” é mais do que um conceito teórico e bioético acerca de um tema polémico como o aborto, incluíndo assuntos como a migração, o ambiente e até o tráfico de armas.
Segundo disse numa conferência, ser “pró-vida” significa “promover uma cultura que ajude a vida, onde e quando quer que seja”.
Comentários