O projeto de declaração unilateral de independência da Catalunha foi aprovado por 70 votos a favor, 10 contra e dois em branco, num órgão composto por um total de 135 deputados.

Antes do início da votação, os deputados dos partidos mais importantes que defendem a continuação da união com Espanha, em minoria, abandonaram a assembleia, deixando algumas bandeiras de Espanha nos lugares que antes ocupavam.

“Sim. Ganhámos a liberdade para construir um novo país”, escreveu o vice-presidente da Genaralitat, Oriol Junqueras, na sua conta do Twitter.

No exterior do parlamento catalão, o anúncio foi recebido em festa.

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Mariano Rajoy já reagiu e "pede tranquilidade a todos espanhóis", assegurando que o "Estado de Direito restaurará a legalidade da Catalunha".

O parlamento regional aprovou a independência da região antes de o Senado espanhol em Madrid, ainda esta tarde, aprovar a intervenção na Catalunha para restabelecer a “legalidade institucional”.

O primeiro-ministro espanhol, o conservador Mariano Rajoy, pediu esta sexta-feira ao Senado autorização para destituir o presidente regional catalão Carles Puigdemont e todo o seu governo, para travar o seu projeto independentista.

Peço para "proceder à cessação do presidente da Generalitat da Catalunha, do vice-presidente e dos conselheiros" do Executivo regional, disse Rajoy, sob os aplausos dos senadores, na maioria membros do seu partido (Partido Popular), esta manhã. Rajoy também pediu autorização para dissolver o Parlamento catalão, com o objetivo de convocar eleições regionais num prazo máximo de seis meses.

O líder conservador discursou perante a câmara alta do congresso no dia em que o Senado decide se ativa o artigo que permitirá ao Governo de Madrid assumir o controlo dos poderes autónomos da Catalunha para impedir a declaração de independência da região.

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Rajoy falou ao Senado esta manhã depois de, ontem, Puigdemont ter descartado a possibilidade de convocar eleições antecipadas, o que poderia evitar a aplicação do artigo 155.

O Governo de Puigdemont organizou no dia 1 de outubro um referendo ilegal de autodeterminação: os independentistas afirmam que venceram com 90% dos votos, mas com uma taxa de participação de apenas 43%. Nove dias depois, Carles Puigdemont disse no parlamento regional que assumia o “mandato do povo” para que a Catalunha seja um “Estado independente”, mas propôs a suspensão dos seus efeitos para procurar o diálogo com Madrid.

Sem diálogo, Madrid avançou com o pedido ao Senado para intervir diretamente na autonomia da Catalunha por “desobediência rebelde, sistemática e consciente” do Governo regional (Generalitat), através da aplicação do artigo 155, que permite suspender a autonomia catalã. Antes do desfecho, na Catalunha declarou-se unilateralmente a independência.