Com 33 votos a favor e 10 contra, “a sessão plenária do Knesset (Parlamento) aprovou em leitura preliminar o projeto-lei para impedir as atividades da UNRWA” em terras estatais israelitas, segundo um comunicado ao qual a agência EFE teve acesso.
Promovida pelo partido de direita Likud do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a iniciativa será agora enviada à Comissão dos Negócios Estrangeiros e Segurança para discussão e deverá ser aprovada em três leituras subsequentes.
“Nas escolas que a agência opera em Jerusalém, estudam-se conteúdos antissemitas e os livros escolares glorificam os terroristas que assassinaram mulheres e crianças”, indica a nota explicativa do diploma.
A mesma nota refere que o “papel da UNRWA é lidar apenas com refugiados palestinianos e, portanto, não há espaço para prestar quaisquer serviços no território do Estado de Israel, onde não há refugiados palestinianos, mas sim residentes do país”.
Israel assumiu o controlo da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental na Guerra dos Seis Dias de 1967, tendo mantido um longo regime de ocupação militar e colonização do território.
Apesar de existirem pessoas de origem palestina com nacionalidade israelita em Jerusalém, muitas destas apenas têm autorização de residência.
Na terça-feira, o ministro israelita da Construção e Habitação, o ultraortodoxo Yitzchak Goldknopf, ordenou a evacuação imediata dos escritórios da UNRWA em Jerusalém Oriental.
As posições de Israel contra a UNRWA, organização criada em 1948, ocorrem depois de cerca de 12 trabalhadores da agência na Faixa de Gaza serem implicados no ataque do grupo islamita Hamas contra Israel, em outubro, o que desencadeou a atual guerra.
A UNRWA, que tem mais de 30 mil funcionários, abriu uma investigação e rescindiu os contratos com os suspeitos.
Neste contexto, uma dúzia de países anunciaram a suspensão de financiamento à organização, incluindo os principais doadores, como os Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Suíça.
No início do mês, o ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou que Portugal iria fazer uma contribuição adicional de um milhão de euros para a Agência das Nações Unidas de Apoio aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA).
João Gomes Cravinho anunciou a contribuição extraordinária depois de uma reunião com Philippe Lazzarini, responsável pela agência das Nações Unidas que apoia os refugiados palestinianos.
No ataque contra Israel, a 7 de outubro, o movimento islamita palestiniano Hamas fez cerca de 250 reféns, tendo libertado 112 no cessar-fogo de uma semana realizado desde o início do conflito, no fim de novembro, em troca de 240 palestinianos detidos em prisões israelitas, todos mulheres e menores.
O ataque dos militantes islamitas causou também a morte a cerca de 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da agência France-Presse (AFP) baseada em dados oficiais israelitas.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 29.000 pessoas — na maioria mulheres, crianças e adolescentes — e feridas mais de 68.000, também maioritariamente civis. Cerca de 8.000 corpos permanecem debaixo dos escombros, segundo as autoridades locais.
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