“Este recurso seria a primeira onda de desenvolvimento de recursos marinhos do país. Não se pense que se vão desenvolver as energias eólicas ‘offshore’ sem as tecnologias da indústria de petróleo e gás, que lançaram todo esse desenvolvimento”, afirmou António Costa Silva.
“Asfixiar este projeto é, no fundo, asfixiar a questão do mar em Portugal no futuro”, acrescentou.
Em agosto passado a Repsol Portugal anunciou que o projeto de prospeção na costa algarvia estava “em processo de revisão, não havendo data fixada para a perfuração”.
Segundo o presidente executivo da Partex Oil and Gas, petrolífera da Fundação Calouste Gulbenkian que detém 10% do consórcio liderado pela Repsol, a operadora espanhola “decidiu cancelar a perfuração do poço” ao largo do Algarve, estando atualmente o projeto “paralisado, suspenso” enquanto decorrem discussões “com as autoridades portuguesas competentes para ver como se vai posicionar”.
“Mas também temos que considerar o ambiente hostil e adverso que há no país em relação à prospeção”, alertou, afirmando que “as empresas podem atuar em muitas áreas do mundo” e, “se em Portugal não se quiser prospeção, há muitos lados no mundo para atuar”.
De acordo com o responsável, tudo “depende das autoridades portuguesas competentes”, porque “as empresas não vão fazer absolutamente nada sem o aval e o apoio das autoridades e também da opinião pública”.
“As empresas são muito pragmáticas: se os países não querem acabou, vão para outro lado. Quando sentem que não são acarinhadas nem bem-vindas vão para outros lados”, assegurou.
Para António Costa Silva, seria contudo “uma pena” que Portugal não apostasse no desenvolvimento do gás natural, que “é o mais limpo dos combustíveis fósseis e é uma parte fundamental da resolução do problema do clima”, posicionando-se como “uma solução incontornável da matriz energética mundial”.
“O gás é parte da solução, não é o mau da fita”, asseverou, apontando os exemplos dos EUA, cujas emissões “no ano passado diminuíram 2,5%”, e da China, “que também está a apostar no gás e diminuiu as emissões”, para apontar o gás como um potencial “motor de desenvolvimento do país”.
Para Costa Silva, “um país que não cresce e que tem uma economia anémica há muitos anos, que tem dois milhões de pobres, que precisa desesperadamente de motores para o desenvolvimento económico e que não tem políticas públicas estáveis nestas áreas, vai sofrer muito no futuro”.
“Ainda por cima, se é um país hostil às empresas, ao investimento e à riqueza, que é o que está a dominar o espaço público, não vai haver soluções em termos de futuro”, afirmou.
Salientando que “um país não existe sem economia e sem motores de desenvolvimento económico” e que “não é o Estado que cria riqueza, são as empresas”, o presidente executivo da Partex adverte que “quando as empresas não são apoiadas e há uma opinião pública hostil, está a enterrar-se o país em termos de futuro”.
“E é isso que está a suceder. Se se governa para as sondagens, para a opinião pública e para o populismo, o país não vai a lado nenhum”, considerou.
No que se refere ao projeto de prospeção no Algarve, o responsável garante que “estava tudo identificado” - a ideia era começar a perfurar o primeiro poço a cerca de 40 a 50 quilómetros da costa, em frente a Faro, em outubro deste ano - e assegura que “o projeto é perfeitamente compatível com o ambiente e com o desenvolvimento turístico”: “Pode-se compatibilizar ambiente e turismo com desenvolvimento de recursos e este recurso seria a primeira onda de desenvolvimento de recursos marinhos do país”, garantiu.
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