João Lourenço é Presidente da República Popular de Angola desde setembro de 2017. Pela primeira vez, está de visita de Estado a Portugal e as expectativas vêm não só do lado português como também do lado angolano.

MPLA sublinha relação histórica e quer "passar em revista" o tema da cooperação

O partido político no poder - Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) - afirma que a visita de Estado de João Lourenço a Portugal é um momento oportuno para rever a cooperação entre os dois países e para "reforçar as relações" que considera "históricas".

"A visita do Presidente João Lourenço enquadra-se no âmbito das relações diplomáticas que existem entre Angola e Portugal. Existem vários acordos de cooperação, em vários domínios, e creio que é uma oportunidade para se passar em revista as relações de cooperação entre os dois países", frisou a vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, em declarações à agência Lusa.

O MPLA refere também que Angola é um país aberto a todos os Estados do mundo, com relações bilaterais e multilaterais, "que se pauta por uma cooperação fraterna e vantajosa entre os Estados".

Luisa Damião lembra que, apesar dos "momentos altos e momentos baixos nas relações" que existem entre Estados, o mais importante é aproveitar o "bom momento, para reforçarmos as relações e cooperar naquelas áreas que possam beneficiar os dois povos".

UNITA lembra laços que unem os dois países e espera um futuro "saudável"

Para o vice-presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Raul Danda, o chefe de Estado angolano está a "procurar marcar os seus laços" com Portugal.

"Como é óbvio, as relações têm de passar por Portugal, porque é uma potência colonial, porque fala a mesma língua que nós e porque é uma espécie de placa giratória para a diplomacia europeia", acrescentou o vice-presidente do principal partido da oposição angolana.

Raul Danda lembrou que as relações entre os dois Estados viveram um período difícil, devido ao caso que envolveu o ex-vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, e a justiça portuguesa, por alegado crime de corrupção.

"Isso foi fruto das discussões que estamos a ter, por causa das críticas que foram feitas, algumas vezes por algumas entidades portuguesas relativamente à corrupção, aos desvios de dinheiros. Felizmente, hoje chega-se à conclusão que os dinheiros que as pessoas têm não vêm nada da renda de casa da avó ou da tia, etc, mas vêm mesmo da corrupção, do roubo", frisou.

O vice-presidente do UNITA refere ainda que, depois deste tempo "que os portugueses chamavam de 'irritante' ", é necessário melhorar e apostar numa relação "mais saudável".

CASA-CE diz que Portugal é o "porto seguro" de Angola na Europa

O vice-presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), a segunda maior força política da oposição angolana, começou por realçar os laços históricos e de amizade entre os dois países e povos.

"As nossas relações, para o bem, para o mal, são históricas, familiares, culturais e que acho que, na Europa, o nosso porto seguro é Portugal. Pessoalmente, ando pela Europa fora, mas só começo a sentir-me em casa quando chego a Portugal", disse André Mendes de Carvalho.

De acordo com o vice-presidente da CASA-CE, as relações entre Angola e Portugal "devem ser ampliadas, cultivadas", bem como a cooperação deve ser ampliada, no sentido de identificar campos onde se possam partilhar ideias e criar valências de ambas as partes.

A CASA-CE compara a relação de Portugal e Angola a uma relação de irmãos: "Os irmãos têm algumas contradições e nós também temos de vez em quando alguns aspetos menos altos na nossa relação. Mas acho que são relações para durar, para aprofundar e são bem-vindas", destacou.

"É fácil, porque temos a língua a unir-nos e a língua facilita muito, mas também é o conhecimento que Portugal tem de Angola. Temos que reconhecer que eles estão mais avançados do que nós e que estão capazes de nos prestar um auxílio, que, tendo em conta o conhecimento passado e profundo que eles têm de Angola, podemos tirar mais-valias comparativamente a outros países da Europa e mesmo de outros continentes. Portanto, são para valorar, para fortificar, aprofundar essas relações em todos os domínios", acrescentou.

O Presidente angolano realiza desta quinta-feira a sábado (22 a 24) a sua primeira visita oficial a Portugal na qualidade de chefe de Estado de Angola.