A poucos meses de completar 75 anos, idade em que os bispos devem apresentar o pedido de resignação ao Papa, Manuel Clemente, na homilia da Missa Crismal de hoje, na Sé de Lisboa, perante o clero diocesano, deixou uma palavra “de gratidão aos padres e de ação de graças a Deus”, pelo presbitério que integrou “como padre, bispo auxiliar e desde 2013 como patriarca”.
“Gratidão preenchida por tantos nomes bem concretos de sacerdotes do clero secular e regular que aqui serviram ou servem o Povo de Deus – lembrando especialmente os que neste ano celebram vinte e cinco, cinquenta ou sessenta anos de ordenação e sem esquecer todos os outros, vivos na terra ou já no Céu”, disse o cardeal, admitindo que a de hoje terá sido, a última Missa Crismal em que falou aos padres enquanto bispo diocesano.
Na homilia, Manuel Clemente sublinhou as “duas referências maiores que, quer pela delicadeza do assunto quer pela dimensão da tarefa, se tornam marcantes” para a Igreja.
“A primeira refere-se ao que temos feito e devemos fazer para superar a crise dos abusos de menores e pessoas vulneráveis, apoiando as vítimas e prevenindo o futuro. Às vítimas, dirijo de novo o pedido de perdão institucional e convicto, bem como a disposição de apoiar quem necessite”, disse o patriarca, acrescentando a “disposição firme de fazer das (…) comunidades lugares saudáveis e seguros, servidos por agentes pastorais, ordenados ou leigos, à altura de uma missão que o tempo torna particularmente sensível e exigente”.
Durante a homilia, e dirigindo-se diretamente aos padres do Patriarcado, Manuel Clemente reconheceu que “as falhas, reais ou supostas, de algum são mais mediatizadas do que a caridade pastoral do magnífico conjunto”.
“Nada nos demite da obrigação de correspondermos cada vez mais e melhor à graça que nos salva e envia. Mas que a tristeza não encubra o bem que fazeis e a realidade que tão positivamente sois, confirmada por tantos que beneficiam da vossa ação”, acrescentou o cardeal-patriarca.
O segundo tema em destaque foi a Jornada Mundial da Juventude, agendada para o início de agosto, em Lisboa, com a presença do Papa.
“Não podemos desaproveitar esta oportunidade para o rejuvenescimento da Igreja em Portugal, contando agora e depois com tantos milhares de jovens e com a experiência criativa e responsabilizada que assim ganharam. Neste sentido, o maior impacto da Jornada, além dos dias em que decorre, será o seu depois”, sublinhou Manuel Clemente.
A Missa Crismal é celebrada na Quinta-feira Santa na catedral de cada diocese, na qual são benzidos os óleos santos e é feita a renovação das promessas sacerdotais por parte dos padres perante o respetivo bispo.
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