Depois de uma marcha no centro de Lisboa os manifestantes concentraram-se no Largo do Município para os discursos finais, uma ação que culminou 10 dias de manifestações em vários locais do país contra a guerra no Médio Oriente e contra o que os organizadores chamam de “genocídio do povo palestiniano” por parte de Israel.
Foi isso também que considerou o professor universitário Alan Stoleroff, um judeu norte-americano que vive em Portugal, que no dia mais sagrado do judaísmo, Yom Kipur, optou por marchar em Lisboa contra Israel e a favor de uma Palestina independente e em paz.
“Sempre houve uma oposição significativa dos judeus ao projeto sionista de ocupação”, afirmou o professor num discurso extremamente crítico de Israel, que chamou de Estado terrorista. “Parem de armar esse Estado terrorista, é a única maneira de impedir a guerra e o genocídio”, apelou.
Alan Stoleroff assegurou que são muitos os judeus contra “a violência e o genocídio imposto por Israel em Gaza”, que são cada vez mais os que rejeitam a “política destrutiva” feita em seu nome por Jerusalém, e disse que os judeus estão ao lado “dos irmãos palestinianos”.
“O Estado de Israel não nos representa enquanto judeus”, a guerra é feita por “fanáticos de extrema-direita” que “mancham o nosso bom nome”, disse, apelando à retirada das forças armadas israelitas de Gaza e ao fim da violência.
O mesmo apelo já tinha sido deixado por Tiago Oliveira, secretário-geral da central sindical CGTP, uma das entidades organizadoras da marcha. Aos manifestantes reunidos em frente da Câmara Municipal de Lisboa falou dos “milhares de mortos”, de uma “Gaza arrasada” e disse que “um cessar fogo imediato é necessário”.
E Israel, avisou, está agora a fazer no sul do Líbano o que já fez em Gaza, destruindo e matando, com o apoio dos Estados Unidos e da União Europeia e dos aliados da NATO.
Uma acusação igual à de Inês Reis, do Projeto Ruído, também organizador, que lembrou um ano de “destruição e medo” que se saldou em 42 mil mortos, dos quais 16 mil crianças.
Um ano de “horrores” que Noor Tibi, uma jovem palestiniana a viver em Portugal, disse que nem era preciso descrever porque os próprios soldados israelitas exibem os “seus crimes” nas redes sociais. “Mas sinto que os ventos de mudança estão a chegar”, avisou.
Ilda Figueiredo, do Conselho Português para a Paz e Cooperação, concordou. “Cresce a condenação da barbárie israelita e com ela a exigência de paz”, assegurou, afirmando que o que é preciso é uma Palestina livre e paz no Médio Oriente.
“Israel não pode continuar a atuar impunemente. Por isso estamos aqui a dizer que não queremos que o genocídio continue”, disse Ilda Figueiredo.
E Carlos Almeida, do Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano e pela Paz no Médio Oriente (MPPM): “Israel tem no seu código genético o fim da Palestina”.
Num discurso com cada vez menos presentes à medida que as intervenções se sucediam, o responsável, também na organização da manifestação, acusou as potencias ocidentais de “participarem ativamente no crime” perpetrado por Israel, e lamentou que esteja “instalada a banalidade do mal”.
Terminou assim a iniciativa, com os responsáveis a anunciarem já um concerto pela paz e de solidariedade com a Palestina no dia 26 em Lisboa.
De paz e solidariedade foram hoje também as palavras de ordem da manifestação, iniciada com uma grande faixa que resumia o objetivo: “Palestina Livre, Paz no Médio Oriente”.
Mas foram muitas outras as faixas e apelos, muitas bandeiras palestinianas, e muitas palavras de ordem. “É possível, é urgente, paz no Médio Oriente”, “Paz sim, guerra não” ou “Israel é culpado de um povo massacrado” fora algumas das mais ouvidas.
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