Na petição pública, dirigida ao ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, os subscritores "repudiam as declarações da diretora regional da Cultura e afirmam que, em face da atitude que elas revelam, Celeste Amaro não tem condições para continuar no cargo".
"Em consequência, apelam ao Ministro da Cultura para que aja, em conformidade e com urgência", lê-se na petição.
Em causa, estão as declarações de Celeste Amaro, citada pela agência Lusa, na apresentação da programação da companhia Leirena Teatro, em Leiria, em que elogiou o grupo por não ter pedido apoio.
"Como é possível? Ainda por cima na área do teatro! Foi algo que me tocou bastante. É uma lição de como um grupo de teatro profissional, com três atores, que se dedica de corpo e alma ao seu trabalho, vive sem pedir dinheiro, não incomoda a administração central", disse então Celeste Amaro, na passada sexta-feira.
Na petição pública agora lançada estão, entre os primeiros subscritores, o poeta e ex-diretor do Teatro Municipal da Guarda Américo Rodrigues, o diretor da companhia de Coimbra Escola da Noite, António Augusto Barros, o realizador António Ferreira, o diretor do Teatro Académico de Gil Vicente, Fernando Matos de Oliveira, a diretora do Teatrão, Isabel Craveiro, a ilustradora Ana Biscaia, a coreógrafa Leonor Barata, o encenador e ator Ricardo Correia e o docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Rui Bebiano.
A subscrever a petição, estão também a professora coordenadora da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, Eugénia Vasques, a dramaturga Patrícia Portela, a jornalista Diana Andringa, a atriz Joana Manuel e o dramaturgo Jacinto Lucas Pires, entre outros.
"É no mínimo inusitado que uma funcionária do Estado com estas responsabilidades profira tais declarações. Elas ofendem os profissionais que têm trabalhado no serviço público financiado pelo Estado", afirmam.
Para os subscritores, as declarações de Celeste Amaro "tentam criar uma clivagem entre estruturas ‘subsidiadas' e ‘não subsidiadas' e entre profissionais e não profissionais, amesquinham os próprios funcionários do Ministério e as personalidades convidadas para avaliar as candidaturas apresentadas, contradizem o espírito e a letra da Constituição e do programa do atual Governo e - sobretudo - insultam os cidadãos que são os principais beneficiários das políticas públicas de cultura no nosso país".
Face às declarações da diretora regional da Cultura, o Bloco de Esquerda já enviou um requerimento ao Ministério da Cultura para saber se o Governo considera que a diretora regional da Cultura do Centro tem condições para continuar no cargo.
Apesar de a companhia ter sido elogiada por prescindir de apoios, o diretor da Leirena Teatro, Frédéric da Cruz Pires, anunciou na quarta-feira, em comunicado, que vai apresentar uma candidatura para obtenção de financiamento da Direção-Geral das Artes (DGArtes).
Frédéric da Cruz Pires admitiu "inúmeras dificuldades" para prosseguir a atividade e garantiu uma candidatura ao próximo quadro de apoios públicos.
No comunicado, o diretor da companhia explica que não convidou Celeste Amaro para mostrar ter feito programação "sem subsídios" nem para se "comparar a nenhuma outra estrutura".
O grupo, que já tentou no passado, sem sucesso, obter subsídios públicos, existe há sete anos e trabalha num antigo centro comercial de Leiria cedido por particulares, num espaço com salas onde chove.
A petição pública agora lançada pode ser consultada aqui.
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