Os manifestantes, alguns com fita-cola sobre a boca, agruparam-se junto do Centro Internacional de Convenções da Cidade do Cabo, onde decorria uma reunião do Fórum Económico Mundial em África.
Nas últimas semanas, relatos de assassinatos de jovens do sexo feminino – incluindo de uma rapariga de 14 anos – encheram as manchetes da imprensa sul-africana.
Em 24 de agosto, uma estudante da Universidade da Cidade do Cabo, Uyinene Mrweyanda, de 19 anos, foi, alegadamente, violada e agredida até à morte por um trabalhador do serviço postal.
Poucos dias depois, em 30 de agosto, a campeã de boxe sul-africana Leighandre Jegels, de 25 anos, foi assassinada a tiro pelo namorado, um agente da polícia.
As mortes e a violência levaram mulheres de todo o país a partilharem as suas experiências e receios de serem as próximas vítimas da violência por parte de homens, recorrendo às redes sociais através da ‘hashtag’ “#AmINext” (“serei a próxima”).
Uma petição no portal change.org, que pede a ação do Governo do Presidente Cyril Ramaphosa no sentido de permitir a pena de morte por crimes violentos contra mulheres e crianças, foi assinada por mais de 500.000 pessoas.
Da mesma forma, uma outra petição requer que o executivo sul-africano declare a violência de género como uma situação de emergência, registando mais de 400.000 signatários.
A África do Sul é um dos países mais violentos do mundo para as mulheres, registando a quarta maior taxa de mortes por “violência interpessoal”, de acordo com o portal de verificação de factos Africa Check.
O mesmo ‘site’ refere que uma mulher é assassinada a cada três horas na África do Sul.
Cyril Ramaphosa considerou que o recente registo de mortes é “um período negro” para o país.
“Continuamos amarrados por um aumento da crise de violência na África do Sul, sustentada pela impunibilidade e por um sistema social e económico que continua a levar a violência de género para outras formas de violência”, escreveu Ramaphosa na plataforma social Twitter, na terça-feira.
Ramaphosa deixou ainda um apelo “a todos os sul-africanos” para que parem a violência e o femicídio.
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