A porta-voz da Guarda Fronteiriça, Anna Michalska, confirmou em Varsóvia que a construção do muro fronteiriço com a Bielorrússia será retomada em breve na zona do Rio Bug, uma zona que, devido às difíceis condições do terreno, não foi incluída na barreira recentemente concluída.

Segundo Michalska, os empreiteiros serão selecionados antes do final do ano para realizar esta obra, que terá início em 2024 e completará a barreira de mais de 200 quilómetros que se estende ao longo da fronteira com a Bielorrússia.

O ministro do Interior polaco, Mariusz Kaminski, declarou na quarta-feira em entrevista à televisão estatal TVP que serão instaladas 5.500 câmaras de vigilância, algumas das quais com capacidade de visão noturna, bem como detetores de movimento “para que nem um rato possa entrar”.

Kaminski anunciou ainda que “entre o final de setembro e outubro estará concluída a construção da barreira eletrónica na fronteira com a Rússia”, um projeto que custará cerca de 85 milhões de euros.

Em abril, foi iniciada a construção de uma barreira com três filas de vedações de arame, 3.000 câmaras de vigilância e cerca de 200 quilómetros de cabos de deteção que protegerão os cerca de 210 quilómetros do perímetro fronteiriço terrestre com a província russa de Kaliningrado.

Varsóvia tem manifestado várias vezes o seu receio de que Moscovo possa desencadear uma crise migratória contra a Polónia a partir de Kaliningrado, semelhante à vivida até há poucos meses, com a Bielorrússia.

O enclave russo de Kaliningrado, nas margens do Mar Báltico, constitui a única fronteira terrestre entre a Rússia e a Polónia e tem grande importância estratégica.

Além disso, o Governo polaco espera concluir até ao final deste ano a expansão de um canal de 1.300 metros de comprimento para ligar o porto polaco de Elblag (norte) às águas abertas do Báltico, evitando assim que os seus navios tenham de usar o canal construído pelos russos em frente a Kaliningrado.

Por outro lado, o Governo polaco estabeleceu em maio o uso oficial do nome polaco Królewiec para se referir à região até agora conhecida pelo nome russo de Kaliningrado.

O projeto de construção do muro com a Bielorrússia suscitou, no final de 2021 e início do ano passado, preocupações aos ativistas de direitos humanos e ambientais. Os primeiros por temerem que os migrantes que fogem de situações de conflito não possam solicitar asilo e os segundos pelos efeitos nocivos para a fauna e flora da zona florestal na fronteira.

A União Europeia apoiou a Polónia e criticou fortemente a Bielorrússia.

Por seu lado, o Governo polaco recusou a proposta de Bruxelas de envolver a agência europeia Frontex na vigilância das fronteiras e aprovou uma lei que permite que os imigrantes ilegais sejam devolvidos sem esperar que solicitem asilo.

A decisão foi tomada depois de, no verão de 2021, milhares de migrantes, na sua maioria oriundos do Médio Oriente, terem atravessado ou tentado atravessar a fronteira da Bielorrússia para a Polónia, num movimento que a União Europeia acusou Minsk de fomentar. A Bielorrússia acusa a Polónia de violações dos direitos humanos ao recusar a entrada dos migrantes no seu território.