“Durante o trabalho do rio da Vila, encontrámos, no cruzamento da Rua Mouzinho da Silveira com o Largo de São Domingos, uma ponte medieval do final do século XIII com um grau de preservação que ninguém esperava”, disse hoje à Lusa Pedro Lé Costa, gestor de projeto da empreitada da Linha Rosa (Casa da Música – São Bento) do Metro do Porto.
Em causa está uma ponte prévia à abertura da Rua de São João, em 1765, e à Rua Mouzinho da Silveira, em 1875, supondo-se que tivesse sido destruída. A notícia foi hoje avançada pelo Porto Canal.
“Na realidade, essa ponte estava de tal forma conservada que a própria execução do rio de Vila, posterior, no século XIX, foi encaixada debaixo da ponte de forma a não a destruir”, detalhou à Lusa Pedro Lé Costa.
Segundo o responsável, “o arco da ponte estende-se à volta de três metros e o tabuleiro são cerca de 25 metros quadrados que ainda se conseguiu preservar”.
“Era uma das portas de entrada no Porto”, acrescentou.
A descoberta significou um atraso de cerca de mês e meio nas obras naquela zona específica, “embora não seja um atraso que tenha impacto no prazo da empreitada” a nível global, que continua prevista para final de julho de 2025.
“Nós tínhamos previsto já estar na fase final da caixa montante, e agora o que temos [é que] a última fase que vai fechar a rua de São João e que vai permitir também à Câmara do Porto fazer trabalhos de requalificação da Rua de São João, só vai ocorrer no final do mês de agosto”, explicitou.
A escavação do túnel do rio da Vila já tinha sido concluída em outubro de 2023, após ter sido iniciada em julho de 2022, junto ao Largo de São Domingos.
A obra faz parte da construção da Linha Rosa (São Bento – Casa da Música), servindo como escoador alternativo de águas ao atual rio da Vila, que corre por debaixo da Rua Mouzinho da Silveira, e impedindo também inundações na futura estação de São Bento, localizada na Praça da Liberdade.
Questionado pela Lusa quanto aos prazos globais da empreitada, Pedro Lé Costa admitiu que “é inegável” que o prazo de julho de 2025 é exigente e ambicioso, mas também o considerou “realista ao dia de hoje”, ainda que dependente da conclusão das escavações subterrâneas.
“É um desafio. É um prazo ambicioso. Estamos a trabalhar todos em conjunto com os vários ‘players’ [atores] envolvidos para que esse objetivo seja alcançado”, vincou.
Com um custo total que ascende aos 304,7 milhões de euros, a linha Rosa terá ligação às atuais estações de metro Casa da Música e São Bento, e terá estações intermédias no Hospital de Santo António e Praça da Galiza.
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