De acordo com as mesmas fontes, a fuga das populações, que prosseguiu no sábado, deu-se nas aldeias de Novo Cabo Delgado, Litandacua e Chitoio, posto administrativo de Chai, no distrito de Macomia, e nas aldeias de Mandela e Mapate, no distrito de Muidumbe.
“Neste momento, a minha esposa encontra-se no posto administrativo de Chai, fugiu de Litandacua, porque os terroristas estão lá a passear à vontade e ela está doente”, lamentou o homem, de 77 anos, em declarações à Lusa a partir da sede distrital de Macomia.
Acrescentou que nos campos de produção da comunidade de Muagamula, a cinco quilómetros da sede do distrito de Macomia, foi encontrado no sábado o cadáver de um rapaz, com sinais de violência, enquanto os residentes suspeitam que a morte tenha resultado da ação dos terroristas.
“Até agora não foram achados os parentes do menor”, acrescentou.
A população que fugiu de Novo Cabo Delgado, Litandacua e Chitoio foi acolhida pelas Forças Armadas do Ruanda, que têm uma base em Chai, enquanto aguardam pela comunicação das autoridades sobre o regresso às suas comunidades.
“Estão em Chai, incluindo a minha esposa e as Forcas de Defesa do Ruanda, estão a protegê-los”, concluiu o idoso.
As populações que fugiram de Mandela e Mapate, em Muidumbe, encontram-se acolhidas nas aldeias de Muambula, Muatide e Matambale, na zona considerada segura.
“Fugimos de Mandela e Mapate não porque alguém morreu, mas não nos é seguro continuar, são muitos terroristas e não sabemos o destino”, lamentou uma fonte a partir de Matambalale.
Um membro da Força Local, numa das posições de Muidumbe, confirmou à Lusa a deslocação das populações e disse que há um trabalho em curso para averiguar o nível da segurança nas zonas abandonadas.
“Estamos a trabalhar com os nossos colegas militares para apurarmos a veracidade e testarmos o nível da segurança nos locais abandonados”, disse.
Uma fonte de Mandela lamentou à Lusa que as populações retornadas já estavam empenhadas na produção e criação de projetos de rendimento, mas a presença dos rebeldes pode deitar a cultura a perder, nomeadamente de gergelim.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul de região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
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