A primeira campanha de testes, em que participaram investigadores do Instituto de Telecomunicações, de Portugal, realizou-se durante duas semanas no Instituto de Investigação Deltares, na Holanda, que está equipado com simuladores de ondas de águas profundas, indica a ESA em comunicado.
A equipa do Instituto de Telecomunicações participou nos testes usando, a par de colegas escoceses, sensores remotos por radar para simular observações do mar feitas a partir do espaço. Investigadores espanhóis e alemães utilizaram outros instrumentos e tecnologias de satélite para simular as mesmas condições de observação.
Segundo a ESA, a observação por satélite “poderá ajudar, no futuro”, a monitorizar a extensão do plástico depositado nos oceanos e ver de onde vem e para onde vai “se se demonstrar que funciona na prática”.
“O nosso objetivo é responder a algumas questões fundamentais. Para começar, conseguimos detetar plásticos a flutuar com a monitorização espacial? E, se assim for, que técnicas são mais promissoras?”, exemplifica Peter de Maagt, que supervisiona na ESA a campanha de testes.
De acordo com o Instituto de Investigação Deltares, que publica informação sobre o projeto na sua página na internet, os testes deverão ficar concluídos em janeiro. Nessa altura, saber-se-á se os satélites em órbita podem monitorizar o lixo de plástico nos oceanos ou se será necessário construir novos satélites, mais especializados.
“Os plásticos perturbam os padrões das ondas dos oceanos e o satélite mede essa perturbação”, assinala Anton de Fockert, engenheiro hidráulico do Instituto de Investigação Deltares, acrescentando que investigadores, nomeadamente de Portugal, Espanha e Reino Unido, estão a trabalhar para ver se é necessário “fazer ajustes aos seus instrumentos” ou “determinar as melhores frequências para detetar os plásticos”.
Num reservatório com 650 metros quadrados a que chama “bacia do Atlântico”, o instituto holandês testou os efeitos na ondulação da água provocados pelo plástico, que incluiu diverso material recuperado do mar. Os dados obtidos estão agora a ser processados.
Para dar mais realismo à experiência, o plástico colocado na “bacia” assumiu a forma de objetos que costumam ser encontrados nos oceanos, como sacos, garrafas, redes e cabos de pesca e talheres. Também foram adicionados materiais sem ser de plástico, como beatas de cigarros, para melhor simular o lixo que se acumula no mar.
“Começámos com muito plástico a flutuar e sem ondas, reduzindo a quantidade à medida que começámos com ondas ligeiras, que fomos tornando progressivamente maiores”, descreve Anton de Fockert, citado no comunicado da ESA.
As equipas científicas que participam no projeto foram recrutadas através da Plataforma de Inovação Aberta Espacial da ESA, que procura “ideias inovadoras para novas atividades de investigação espacial”.
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