Portugal está neste momento a atravessar a quarta onda de calor deste ano, apenas dois dias depois do início do verão. Porém, para os investigadores este fenómeno pode piorar no futuro devido às alterações climáticas, e para isso deve-se tomar medidas.

De acordo com Pedro Matos Soares, autor do “Roteiro Nacional para a Adaptação 2100”, e físico da atmosfera do Instituto Dom Luiz, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), citado pelo jornal Expresso, a partir de 2071 os modelos físico-matemáticos projetam que, “em vez de 1-2 ondas de calor por ano no litoral e 3-4 no interior, tenhamos entre 3-5 e 5-7, dependendo da área geográfica, e 10 a 12 no interior, sobretudo no Sudeste, podendo estender-se por 60 dias por ano”.

Deste modo, para o investigador é necessário evitar estes cenários e para isso “é preciso cumprir o Acordo de Paris”, ou seja, os cortes globais para metade de emissões de gases de efeito de estufa (GEE) até 2030 e chegar a emissões neutras em 2050, sendo que, neste momento, os cálculos apontam para que o número de dias com temperaturas acima de 25°C e de 35°C venham a estender-se por 120 e por 95 dias, respetivamente.

Deve, ainda, ter-se em conta que se a temperatura mais elevada até agora foram os 47°C registados no dia 14 de julho de 2022, na estação do Pinhão, na região do Douro, e no futuro podem chegar a 51°C, segundo os modelos que cruzam os cenários atualizados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) com os dados históricos nacionais. Sabe-se ainda que o aumento de temperatura média nacional pode subir mais 3 a 4°C a meio do século, ou mesmo mais 6,5°C no nordeste do país entre 2071 e 2100, o que está bem acima do teto médio global de 1,5°C, essencial para travar as piores consequências.