“O Presidente Petro deu instruções para instalarmos a embaixada da Colômbia em Ramallah – esse é o próximo passo que vamos dar”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) colombiano, Luis Gilberto Murillo, à imprensa.
O chefe da diplomacia colombiana não especificou se se trata da abertura de uma embaixada na Palestina que funcionará em paralelo com a de Israel, situada em Telavive e atualmente encerrada, após a rutura de relações entre os dois países.
A Colômbia reconheceu a Palestina como Estado a 03 de agosto de 2018, quatro dias antes de o então Presidente, Juan Manuel Santos, passar o cargo ao sucessor, Iván Duque.
O país andino tem atualmente uma secção consular em Ramallah, na Cisjordânia, que dependia da embaixada em Telavive.
Este anúncio surge no mesmo dia em que Espanha, a Irlanda e a Noruega anunciaram que vão reconhecer conjuntamente o Estado da Palestina a 28 de maio, juntando-se a 143 países que já o fizeram.
“Estamos certos de que cada vez mais países reconhecerão a Palestina, e isto não é nada contra Israel ou os judeus”, sublinhou o MNE colombiano, acrescentando: “As Nações Unidas acordaram, no contexto dos acordos de Oslo, criar uma solução de dois Estados e, se são necessários dois Estados, é preciso que a Palestina seja reconhecida como um Estado de pleno direito”.
A Colômbia anunciou um corte de relações com Israel que se efetivou a 02 de maio, devido à sua oposição às ações desse país na “guerra em curso na Faixa de Gaza desde 07 de outubro de 2023”.
O Governo colombiano apelou em várias ocasiões para um cessar-fogo, para a libertação dos reféns feitos pelo movimento islamita palestiniano Hamas e para a entrada de ajuda humanitária em Gaza, instando Israel a respeitar o Direito Internacional Humanitário.
“A Colômbia não pode ser cúmplice nem ficar em silêncio, mantendo relações diplomáticas com um Governo que se comporta desta forma e enfrenta acusações tão graves de cometer genocídio, crimes de guerra e violações do Direito Internacional Humanitário”, sustentou o Ministério dos Negócios Estrangeiros colombiano ao anunciar o corte de relações com Israel.
Petro tem sido um dos líderes estrangeiros que mais fortemente expressaram oposição a Israel e solidariedade com a causa palestiniana, e este é o último passo na sua demonstração de apoio ao Estado da Palestina.
Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o Hamas depois de este, horas antes, ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando mais de 1.170 pessoas, na maioria civis.
Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Hamas fez também 252 reféns, 124 dos quais permanecem em cativeiro e 37 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço israelita.
A guerra, que hoje entrou no 229.º dia e continua a ameaçar alastrar a todo o Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 35.700 mortos, cerca de 80.000 feridos e de 10.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com números atualizados das autoridades locais.
O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer vítimas – “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
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