Helder Roque apresentou a sua demissão à ministra da Saúde, Marta Temido, no dia 28 de fevereiro e hoje enviou uma carta a dar conhecimento a toda a estrutura do CHL.
Na missiva, a que a Lusa teve acesso, o presidente cessante salienta que a saída do CHL, "enquanto protesto, é o melhor contributo" que pode prestar à "continuação do sonho": "reforçar a dimensão do CHL como instituição de referência regional, sustentando-o em meios humanos e equipamento".
Helder Roque recorda que se bateu "incessantemente pela obtenção de mais meios" para o CHL.
"Os que lhe são indispensáveis a, pelo menos, sustentar-se equilibradamente na sua atual dimensão e continuar a sonhar com a melhoria da prestação de cuidados de saúde à população. Por duas vezes, ao longo deste percurso, solicitei a minha saída. Por duas vezes me deram expectativas quanto à resolução de diversos dos problemas do CHL. Por duas vezes recuei expectante", acrescenta.
Helder Roque destaca que a tutela "não foi parca em elogios ao trabalho" realizado, mas "foi parca em meios", sobretudo depois da entrada do concelho de Ourém, no distrito de Santarém, na área de influência do CHL.
"Não há condições para colmatar as necessidades mínimas em pessoal, não há meios para investimento. As medidas de contenção acabam por só permitir a libertação de meios para que os mais gastadores paguem as suas dívidas”, sublinha.
Admitindo que, por essas razões, o CHL "vive momentos bastante difíceis e de bastante saturação", Helder Roque recorda que em 2005, quando foi eleito presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santo André, antes de ser criado o CHL, formou uma equipa com o objetivo de levar para a região "um hospital de referência no quadro do Serviço Nacional de Saúde".
"A dimensão que atingimos foi reconhecida. Pela organização e qualidade dos serviços, pelas valências implementadas, pela otimização da relação custo/benefício", escreve, realçando que "foi uma honra liderar e trabalhar com tantos colaboradores que têm vontade de acrescentar valor e prestígio a esta instituição".
A comissão parlamentar de Saúde aprovou hoje por unanimidade um requerimento do PSD que pedia a audição da ministra Marta Temido “para dar explicações sobre a situação caótica do hospital de Leiria”.
Os deputados aprovaram também por unanimidade um requerimento do PS que pedia que fosse igualmente ouvido o conselho de administração do hospital.
Entretanto, o PSD considerou que devia também ser ouvido o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), por ser a estrutura que tem suscitado e denunciado várias situações referentes ao hospital de Leiria.
Em contraponto, o PS entendeu que, se iria ser ouvido o Sindicato Independente dos Médicos, devia também ser chamada a Ordem dos Médicos para uma audição.
No final de fevereiro, o SIM manifestou a sua preocupação pela “situação dramática” em que se encontra o hospital de Leiria, com aumento de doentes e falta de capacidade de resposta.
O alerta surgiu numa altura em que chefes de equipa de urgência de medicina interna teriam apresentado a sua demissão, segundo a secção regional do Centro da Ordem dos Médicos.
O SIM denunciou também que a produção cirúrgica prevista para março no Hospital de Santo André foi reduzida em 50% por falta de recursos humanos.
[Notícia atualizada às 15:20]
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