“Gostaria de lembrar as vítimas dos desastres naturais que atingiram o nosso continente nas últimas semanas. Estou a pensar particularmente nos devastadores incêndios que afetaram dezenas de milhares dos nossos concidadãos em Portugal e Espanha e que deixaram tantos mortos e feridos”, afirmou Tajani, dirigindo-se aos chefes de Estado e de Governo da UE, entre os quais o primeiro-ministro, António Costa.
“Só este ano, mais de 750 mil hectares das florestas europeias foram destruídas pelo fogo. Só em Portugal, mais de 100 pessoas perderam a vida”, sublinhou.
Recordando outros desastres naturais que, “cada vez mais frequentemente”, atingem comunidades na Europa – como sismos, inundações e furacões -, o presidente da assembleia considerou legítimo a União Europeia questionar-se se está a fazer tudo ao seu alcance ou se pode “fazer mais, tomando mais medidas preventivas, oferecendo mais solidariedade e providenciando mais ajuda de emergência”.
Segundo Antonio Tajani, a Europa deve “melhorar as suas capacidades e reduzir a burocracia, de modo a que os Estados-membros possam mais facilmente obter a assistência imediata de que necessitam”.
Tajani intervinha no “arranque” de um Conselho Europeu, cujos trabalhos formais têm sempre início depois de uma troca de pontos de vista com o presidente do Parlamento Europeu.
Em conferência de imprensa, Tajani acrescentou que "o atual Mecanismo Europeu de Proteção Civil não funciona, dispondo apenas de um avião Canadiar italiano", apoiando a proposta de Jean-Claude Juncker da criação "de uma força de iniciativa europeia, que possa intervir em caso de calamidade".
Tajani pediu ainda aos líderes europeus que acelerem os processos para permitir "avançar imediatamente com o financiamento" para ajudar Portugal e Espanha a lidar com as consequências dos incêndios.
Também o Presidente francês, Emmanuel Macron, dirigiu hoje, em Bruxelas, uma “palavra de solidariedade aos amigos portugueses” devido aos incêndios que no fim de semana causaram mais de 40 mortos e apelou à criação de uma proteção civil europeia.
“Quero deixar uma palavra de solidariedade aos nossos amigos portugueses, após os terríveis incêndios que tornaram a assolar o país, causando numerosos mortos”, disse Macron, à entrada do Conselho Europeu.
O Presidente francês defendeu ainda uma União Europeia que esteja “ao lado de Portugal” e que, em consequência destes acontecimentos, se empenhe “a partir de agora no apoio à criação de uma força de proteção civil europeia”.
À sua chegada à cimeira, por seu turno, o primeiro-ministro, António Costa, parou alguns segundos em silêncio diante da bandeira portuguesa na sede do Conselho, na qual foi colocada um fumo negro.
As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 42 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
O Governo decretou três dias de luto nacional, entre terça-feira e hoje.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos.
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