“Estamos a prestar uma homenagem merecida e já muito esperada por todos nós”, disse o presidente da Renamo, Ossufo Momade, durante cerimónia fúnebre realizada hoje na aldeia de Xinhambuse, província de Manica, centro de Moçambique, a terra natal de André Matade Matsangaísse.
Herói para alguns, sobretudo no centro de Moçambique, e vilão para outros, principalmente no sul do país, Matsangaísse, que integrou Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), foi quem liderou, primeiro com apoio da Rodésia, o início da guerra civil no país, em 1977, contra o Governo então socialista formado após a independência (1975), até à sua morte, em combate, na vila da Gorongosa, a primeira base da Renamo, em 1979.
Para a Renamo, Matsangaísse deve ser reconhecido como um herói, uma figura “inconformada com a atuação de um regime comunista (…) inimigo da democracia”.
“Mais uma vez, exigimos ao Estado moçambicano a proclamação de Matsangaísse como herói nacional”, frisou o líder da Renamo, argumentando que o antigo líder de guerrilha da Renamo, substituído posteriormente pelo líder histórico Afonso Dhlakama (1953-2018) foi fundamental para democracia e liberdades em Moçambique.
“Negar esta realidade é tentar tapar o sol com a peneira”, declarou Ossufo Momade, que interrompeu a campanha para as eleições gerais de 09 de outubro, em que volta a concorrer ao cargo de Presidente da República, enquanto defende que Matsangaísse “lutou para o bem estar do povo e pela democracia em Moçambique”.
Os antigos guerrilheiros liderados por Matsangaísse lembram um “líder corajoso”, apontando esta “qualidade” como uma das causas da sua morte.
“Matsangaísse perdeu a vida com um tiro na cabeça depois perseguir um grupo que atacou a nossa base (…) Há os que dizem que ele foi resgatado por um helicóptero para a Rodésia e morreu no caminho. Isso não é verdade. Eu estava lá com ele (…) Ele morreu no local e ainda tentamos recuperar o corpo dele e não conseguimos”, declarou Olímpio Cardoso, antigo guerrilheiro da Renamo, durante a cerimónia.
André Matade Matsangaísse (1950–1979) foi o primeiro comandante da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), movimento armado do qual foi também um dos fundadores, tendo sido morto na Gorongosa, centro do país, durante um ataque a uma posição das forças governamentais durante a guerra civil que se seguiu à independência moçambicana.
Os restos mortais de André Matsangaísse foram exumados na sexta-feira de um cemitério na antiga vila Paiva, atual município de Gorongosa da, província de Sofala, onde permaneciam há 45 anos, e trasladados hoje para o cemitério da família no distrito de Manica, terra natal, na província com o mesmo nome.
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