Luís Montenegro falava na entrega no prémio Maria de Sousa 2024, que distinguiu hoje cinco cientistas por investigação em genética, neurologia, envelhecimento, metabolismo e doença inflamatória intestinal.
Num discurso de quinze minutos, que se seguiu a uma conferência de uma hora do neurocientista António Damásio sobre “A fisiologia da mente”, o primeiro-ministro nunca se referiu diretamente à questão no centro da atualidade política, o Orçamento do Estado para 2025, que será entregue na quinta-feira e tem ainda aprovação incerta, mas deixou alguns recados gerais.
“Nós não temos nada que estar a olhar para trás nem para o lado. Nós temos que olhar para a frente. A academia tem que olhar para a frente, a sociedade tem que olhar para a frente, as empresas têm que olhar para a frente e os governos também”, disse.
Montenegro acrescentou que é bom que “todos olhem para frente” e que não percam a sua identidade.
“É bom que não percamos a consciência daquilo que é importante e que já fizemos, mas é muito melhor que nós estejamos orientados para aquilo que ainda podemos fazer, para aquilo que podemos acrescentar”, afirmou.
O primeiro-ministro assegurou que o Governo está empenhado “em garantir um sistema de apoio à ciência, de apoio ao conhecimento, de apoio à academia, de apoio às empresas, de apoio às instituições, que permita levar à vida das pessoas aquilo que são as conquistas” dos cientistas.
“Sempre com uma coisa que é fundamental e que é preciso também incutir na nossa mente portuguesa: nem sempre vamos acertar e nem sempre as investigações conduzem a resultados que trazem sucesso, mas há uma coisa que nós temos a certeza, se elas não forem feitas e aprofundadas, aí é que não produzem efeito nenhum”, afirmou.
O primeiro-ministro deixou um elogio ao trabalho da Fundação Bial, que completa 30 anos, e ao seu presidente, Luís Portela.
“Quando juntamos as universidades, as empresas, as associações ou fundações, as associações socioprofissionais e todos se conjugam no esforço, ainda por cima sem nenhuma necessidade de financiamento público, para aprofundar a dimensão que a ciência e o conhecimento nos trazem e que depois tem uma aplicação na vida das pessoas”, elogiou.
O primeiro-ministro salientou que o trabalho dos muitos premiados por esta fundação “é a demonstração de que vale a pena apostar no conhecimento e vale a pena que alguns recursos, mesmo vindos das empresas, da iniciativa privada, possam ser alocados a algo que é imaterial, que é universal”.
“O conhecimento depois de adquirido é de todos. Ele tem uma paternidade, ele tem uma origem, mas ele tem um valor que é global. E é um valor que nós não podemos diminuir e que nós temos o dever de estimular. E é isso que este Governo pretende fazer: educar, ir mais longe na capacidade criativa de conhecimento, de inovação e depois aplicar isso na vida das pessoas”, assegurou.
O prémio, atribuído pela Fundação Bial, que financia, e pela Ordem dos Médicos, que designa os membros do júri a par da Bial, homenageia no seu nome a imunologista Maria de Sousa (1939-2020) e destina-se a apoiar jovens cientistas portugueses, até aos 35 anos, em projetos de investigação na área das ciências da saúde.
A Fundação Bial, criada em 1994 pela farmacêutica com o mesmo nome em parceria com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, tem como missão "incentivar o estudo científico do ser humano, tanto do ponto de vista físico como espiritual".
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